Maioria esmagadora repudia atos bolsonaristas de amanhã
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
Para a maioria dos brasileiros, as manifestações de 7 de Setembro, convocadas pelo presidente Jair Bolsonaro em apoio ao seu governo, não têm justificativa. É o que mostra pesquisa do Instituto Atlas divulgada nesta segunda-feira. Nela, 56% dos entrevistados fazem parte desse universo. Para outros 36%, os atos têm justificativa, e 8% não souberam responder.
Há previsão de que o próprio presidente participe das manifestações de terça-feira em Brasília e São Paulo. Nessas duas cidades, também estão marcados protestos contra o governo. O instituto não perguntou se o eleitor tinha ou não conhecimento prévio das manifestações.
A maioria, 59%, também respondeu que “com certeza” não irá comparecer. Em direção contrária, 18% disseram que irão participar. O cientista político Andrei Roman, CEO do Atlas Intel, pondera ser improvável que 18% da população compareça às manifestações, mas destaca que esse percentual indica uma disponibilidade relevante de adesão.
“A estratégia do presidente parece ser comprovar uma resiliência da base política dele e, com isso, colocar em dúvida os discursos baseados nas pesquisas e nas análises que apontam para a queda de sua popularidade. [Objetivo de] tentar mostrar uma realidade que na opinião dele é diferente”, diz.
Dentre as 3.146 pessoas entrevistadas, 511 responderam ser policiais militares, civis, federais e de outras categorias. Do total desse grupo, 35% disseram não ver justificativa para as manifestações, ante 36% que avaliam que já justificativa. Outros 29% não souberam responder.
Os temores de confronto entre os grupos favoráveis e contrários a Bolsonaro e da participação de forças policiais nos atos pró-governo preocupam autoridades estaduais. Preocupa também o teor de eventuais discursos do presidente e das agendas defendidas nos atos, cujos convites nas redes sociais são acompanhados de ameaças a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e defesa de golpe militar.
Em um cenário de atos massivos na terça-feira, Roman aponta para a possibilidade de uma dinâmica consistente de mobilização social nas ruas, contrárias e favoráveis ao governo, com o risco de “isso gerar uma paralisia em termos de governabilidade do país, gerar instabilidade institucional e todos os efeitos colaterais que isso trás”.
A pesquisa também perguntou a opinião dos eleitores sobre a democracia, que foi defendida por 84% dos entrevistados. Seis por cento responderam de forma contrária e 10% disseram souberam ou não quiseram saber. A maioria (78%) afirmou ser contra instalação de uma ditadura militar, ante 12% que disseram ser a favor e 11% que não responderam.
“Enxergo como limitada a chance de um risco de ruptura institucional amanhã, mas vejo o risco maior para essa dinâmica de polarização em que as pessoas deixam de confiar no processo democrático, nas eleições e nas instituições”, observa o CEO da Atlas.
Roman destaca o alto percentual de quem defende a democracia e da baixa adesão à ditadura militar, mas aponta para uma contradição: dentro dos apoiadores do presidente, a grande maioria defende a democracia, ao mesmo tempo em que parcela considerável (20%) também defende que o Exército possa tirar e colocar ministros no STF.
“Noventa por cento dos eleitores de Bolsonaro dizem que são a favor da democracia como forma de governo. A questão é que esse eleitor enxerga as ações do presidente e a democracia de forma peculiar. Do ponto de vista do eleitor bolsonarista e dos manifestantes que vão às ruas amanhã, eles não estão lutando contra a democracia, mas por uma democracia da forma como eles entendem. Isso é muito problemático. É uma defesa de democracia de conteúdo duvidoso.”
O instituto ouviu os eleitores por meio de questionário online, entre 30 de agosto e 4 de setembro. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Por meio de anúncio publicitário, a consultoria dispara milhares de convites aleatoriamente para internautas da área a ser investigada. Ao clicar no convite, o eleitor é direcionado ao questionário do estudo. Segundo o instituto, mecanismos de segurança impedem que o respondente repasse a pesquisa a outras pessoas ou preencha mais de uma vez.
A amostra depois é estratificada para representar adequadamente o perfil da população brasileira adulta.
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