MDB se fortalece no governo Doria

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Foto: Silvia Zamboni/Valor

O ex-presidente Michel Temer e o MDB ampliaram a influência na gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) em São Paulo. O MDB quer fazer da gestão na capital uma vitrine para o partido e tem feito uma ofensiva para conquistar mais espaço no governo. O partido já ganhou cargos estratégicos, inclusive no primeiro escalão, com a Secretaria de Cultura, e agora está se preparando para assumir o comando político do governo, que continua com o PSDB, com tucanos que eram ligados a Bruno Covas.

Há pouco mais de um mês, Ricardo Nunes nomeou o ex-prefeito de Araraquara Marcelo Barbieri, nome influente do MDB de São Paulo e muito ligado a Temer. Barbieri participou do governo de Temer na Presidência. Na Prefeitura de São Paulo, foi nomeado como assessor especial e escalado para coordenar políticas públicas e ajudar na relação com o Legislativo, tanto com a Câmara Municipal como com a Câmara dos Deputados. E Barbieri é cotado para assumir ou a Secretaria de Governo ou a Casa Civil.

O ex-presidente Temer e Nunes já tiveram alguns encontros desde que o prefeito assumiu, em maio. No começo do mês, eles almoçaram na prefeitura e conversaram sobre a participação do MDB no governo. As primeiras nomeações com mais peso político de Nunes foram do MDB.

O prefeito escolheu Aline Torres, para a Secretaria de Cultura, com o apoio do presidente nacional do MDB, Baleia Rossi. E Nunes também deu funções de destaque para integrantes da legenda, como os cargos de secretário-executivo para Diogo Soares e Antônio Pinheiro Pedro.

O próprio prefeito é o responsável pelo MDB da capital paulista. O partido já foi forte no Estado, mas perdeu muito peso político e hoje só tem três vereadores, três deputados estaduais e dois federais.

Mas nessa ofensiva do MDB nacional, com Temer, em São Paulo, o partido conseguiu até “ganhar” um senador. No mês passado, filiou o senador Alexandre Giordano, que era do PSL. Giordano assumiu no lugar de Major Olímpio (PSL), que faleceu em março.

Há uma forte pressão dos vereadores por mudanças na articulação política da gestão, especialmente na Secretaria de Governo, que é comandada por Rubens Rizek. O secretário é do PSDB e era muito próximo do Bruno Covas, morto em maio. O MDB tem visto a chance de emplacar um nome para o comando político do governo e o mais cotado é Marcelo Barbieri. Mas há outras possíveis trocas em vista.

Além de Rubens Rizek, quem está na mira de uma possível troca é o secretário da Casa Civil, Ricardo Tripoli, que também é do PSDB e era da confiança de Bruno Covas. Para a Assistência Social, integrantes do MDB tentam emplacar Luciana Temer, filha de Michel Temer e que já comandou a secretaria no governo do ex-prefeito Fernando Haddad (PT).

Oficialmente, o prefeito nega a intenção de fazer alterações por enquanto. Secretário da Casa Civil, Ricardo Tripoli afastou qualquer tipo de divergência dos secretários com o prefeito, disse que a relação entre eles é “muito boa e muito próxima” e avaliou que é “natural” que Nunes mantenha as indicações que foram feitas por Bruno Covas. “Nunes não tem um time na prefeitura. Ele está montando ainda e não motivo para tirar quem foi indicado por Covas”, afirmou. “O prefeito é de fácil acesso e está indo muito bem”, disse Tripoli.

Mas o prefeito já começou a enfrentar resistência na Câmara Municipal e isso deve acelerar as mudanças na articulação política do governo.

No primeiro semestre, Nunes viveu uma lua de mel e conseguiu aprovar todos os projetos de interesse do governo. A oposição reclamou dizendo que “a boiada” estava passando.

A situação mudou depois que o prefeito anunciou no mês passado um “pacotão” polêmico, com propostas como a criação da taxa do lixo, a revisão do IPTU e uma nova reforma da Previdência. A própria base aliada começou a criticar as propostas antes mesmo de o prefeito enviá-las para a Câmara.

Nunes fez uma reunião com 32 vereadores da base, e enfrentou muita resistência. O prefeito ia enviar esse pacote entre o fim do mês passado e começo deste mês, mas até agora não enviou. Os vereadores não sabem nem o teor ao certo dessas propostas, nem quando chegarão na Câmara Municipal.

O secretário da Casa Civil disse que as propostas ainda estão em fase de elaboração. Tripoli indicou que na próxima semana algum projeto deve ser encaminhado. Essas propostas são vistas como o primeiro teste da fidelidade da base aliada do prefeito. Na semana passada, Nunes disse que está aberto ao diálogo e afirmou que se essas medidas não tiverem apoio da sociedade, os vereadores não vão ter que “engolir goela abaixo”.

Valor Econômico

 

 

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