Polícia já investiga Prevent Senior

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Foto: Pedro França/Agência Senado

A Polícia Civil de São Paulo solicitou à Justiça acesso aos dados cadastrais de 13 linhas telefônicas de celulares de médicos da cúpula da operadora de planos de saúde Prevent Senior. A empresa está na mira da CPI da Covid por suspeitas de obrigar a prescrição de hidroxicloroquina a pacientes e por ocultar dados de mortes em um suposto estudo conduzido para verificar a eficácia do medicamento.

As 13 linhas foram indicadas à polícia por uma testemunha, que prestou um depoimento sob a condição de anonimato no mês passado, e afirmou que os médicos funcionários da empresa eram obrigados a receitar o chamado “tratamento precoce”, que incluía cloroquina. O depoimento foi obtido pelo Estadão. A estratégia, destacou a testemunha, visava reduzir despesas por parte do plano de saúde.

A polícia teve acesso aos grupos de WhatsApp que contêm mensagens com orientações para a prescrição do medicamento. Nos diálogos, há ainda a determinação para não informar pacientes nem seus parentes sobre a prescrição da susbtância – o que, caso seja verdade, é contra a lei – e também para omitir que o plano de saúde conduzia um estudo sobre a eficácia da hidroxicloroquina, que já foi descartada pela comunidade científica internacional no combate à covid.

De posse dos dados cadastrais das linhas, a Polícia Civil poderá comprovar quem foram os autores dessas ordens, que poderão ser responsabilizados criminalmente.

Outra determinação que está sendo investigada trata da restrição ao uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). No começo da pandemia, ano passado, a rede de saúde teria determinado que médicos e enfermeiros conveniados deveriam usar máscaras apenas se fossem atender pacientes suspeitos de estarem contaminados com o vírus. Um enfermeiro, que teria sido proibido de usar o equipamento de segurança, chegou a morrer, segundo informações investigadas por policiais da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

A investigação da Polícia Civil foi aberta a pedido do Ministério Público Estadual, após reportagem da GloboNews mostrar os primeiros indícios de que médicos do plano de saúde estavam sendo obrigados a prescrever cloroquina. Na semana passada, outra reportagem do mesmo veículo relatou a existência do suposto estudo feito pela Prevent.

No estudo, o número de pacientes com covid que morreram em decorrência da doença teria omitido o total de óbitos, de forma a parecer que a cloroquina teria alguma eficácia. O presidente Jair Bolsonaro chegou a fazer um tuíte comemorando os resultados.

Pelo fato de que a investigação policial solicitou informações pessoais sobre os dirigentes da Prevent Senior, a polícia solicitou que o caso fique em segredo de justiça. O pedido ainda é analisado pela juíza Celina Maria Macedo Stern, do Departamento de Inquéritos Policiais (Dipo) de São Paulo.

Por meio de nota, a Prevent Senior afirmou que “não foi notificada sobre o pedido da Polícia Civil, mas entende que todas as investigações levarão à verdade dos fatos”.

“A operadora nega e repudia denúncias sistemáticas, mentirosas levadas anonimamente à CPI da Covid e à imprensa. Por isso, a empresa pediu nesta segunda-feira (20 de setembro) que a Procuradoria Geral da República investigue as denúncias infundadas e anônimas levadas à CPI por um suposto grupo de médicos”, continua o texto.

“Estranhamente, antes de as acusações serem levadas à comissão do Senado, uma advogada que representa esse grupo de médicos insinuou que as denúncias não seriam encaminhadas se um acordo fosse celebrado. Devido à estranheza da abordagem, a Prevent Senior tomará todas as medidas judiciais cabíveis.”, conclui a nota.

Estadão  

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