Skaf avisou governo sobre tom duro dos banqueiros

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Foto: Isac Nóbrega/PR

O recuo de Paulo Skaf, que adiou a publicação do manifesto “pela harmonia dos poderes” a pedido do presidente da Câmara, Arthur Lira, não foi o único movimento do presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) para tentar diminuir o atrito com o governo.

Na segunda-feira pela manhã, quando percebeu que a crise iniciada no final de semana em torno da adesão da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) ao documento não acalmaria, Skaf telefonou para Paulo Guedes para se justificar.

Apoiador do presidente Jair Bolsonaro, Skaf foi nomeado em fevereiro para o Conselho da República – cargo de que sempre se orgulhou, mesmo o conselho nunca tendo se reunido.

Na conversa com o ministro da Economia, Skaf sugeriu que o texto, obtido pelo GLOBO, havia sido atenuado ao máximo, e que a forma final poderia ter sido pior.

Segundo a versão que o presidente da Fiesp vendeu a Guedes, os representantes da Febraban queriam um texto bem mais crítico ao governo – que ele, Skaf, teria abortado.

Foi dessa conversa que o ministro da Economia tirou a declaração que deu na porta da casa do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, no final da manhã de segunda-feira. Guedes estava lá para discutir uma solução para o alto valor dos precatórios previstos para pagamento no ano que vem.

“A informação que eu tenho é que havia um manifesto de defesa da democracia, e aí não haveria problema nenhum. E que alguém na Febraban teria mudado isso para, em vez de ser uma defesa da democracia, ser um ataque ao governo. E aí a própria Fiesp disse que não iria fazer o manifesto, que está até suspenso por causa disso. Não estão chegando a um acordo”, declarou Guedes.

A Febraban, porém, distribuiu nota negando tal informação. Ao saber da resposta da entidade, o ministro da Economia disse a vários interlocutores – inclusive da própria federação de bancos – que apenas repetiu o que ouviu de Skaf. Procurado por meio da assessoria da Fisep, Skaf disse que não comentaria o episódio.

A atitude do presidente da Fiesp foi mal recebida não apenas entre banqueiros, mas também por outros setores do empresariado que já haviam apoiado a publicação do documento.

Em vários grupos de mensagens e em conversas entre eles, esses empresários se referiam ao presidente da Fiesp como um “traidor” que “vendera” o manifesto ao governo.

Isso porque na quinta-feira (26), ao enviar um email com o conteúdo do texto final para a análise de algumas dezenas de dirigentes de entidades empresariais, Skaf escreveu que a Fiesp não só se responsabilizava pela coleta de assinaturas como também arcaria com os custos de publicação do manifesto. Ou seja, ele estava no comando. Em 24 horas, mais de 200 entidades aderiram ao documento, que – esperava-se – seria divulgado ao longo desta semana.

No sábado, porém, o colunista Lauro Jardim revelou que a Caixa e o Banco do Brasil, ameaçavam se retirar da Febraban caso a entidade assinasse o manifesto.

Além de dizer que deixaria a entidade, o presidente do banco estatal também telefonou para executivos de instituições financeiras privadas para ameaçar com a perda de negócios no governo.

Mas não só não conseguiu a retirada de um único apoio, como também causou um tumulto político ainda maior do que se tivesse fingido de morto.

Passado o pior momento da crise com o governo, Paulo Skaf teve de criar um discurso para tentar diminuir o estrago feito na relação com os pares do PIB nacional.

Enviou então um email comunicando que o prazo para a coleta de assinaturas foi reaberto até a próxima sexta, mas não disse quando será publicado e também não incluiu o conteúdo desse novo texto no corpo da mensagem.

Se a intenção era desestimular novas assinaturas, está no caminho certo. Quem acompanhou o desenrolar dessa crise tem todas as razões para imaginar que, se a corda arrebentar de novo, o presidente da Fiesp logo se acerta com o governo e deixa os colegas do empresariado se defendendo sozinhos.

O Globo

 

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