Aumentam dificuldades de Alcolumbre para barrar Mendonça

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Foto: Jorge William / Agência O Globo

Embora o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) continue dizendo que não vai marcar tão cedo a sabatina de André Mendonça para a vaga no Supremo Tribunal Federal, seus aliados avaliam que a pressão sobre ele “está feia” e que ele não conseguirá resistir por muito tempo.

Presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado (CCJ), Alcolumbre recebeu a indicação do ex-advogado da União para a vaga aberta no STF em julho, mas se recusa a pautar a sessão em que ele deve ser inquirido pelos senadores para depois ter o nome submetido ao plenário.

E apesar de Alcolumbre dizer que tem votos suficientes para barrar a indicação de Mendonça, ontem ficou claro que isso pode não ser tão certo. Foram recolhidas 17 assinaturas de senadores, dos 27 membros da CCJ, em apoio a um requerimento para obrigar Alcolumbre a marcar a sessão para ouvir Mendonça. Outros 15 suplentes – que não votam na comissão mas contam na votação em plenário – também apoiaram o pleito apresentado pelo líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE).

Esses números indicam que Mendonça tem 32 dos 41 votos de que precisa para ser aprovado no plenário. Como Alcolumbre vem apregoando ter até 50 votos contra Mendonça, para as contas fecharem seria preciso que ninguém faltasse ou se abstivesse. A votação é secreta, portanto não se descartam traições de lado a lado.

O requerimento de Bezerra sucedeu outro, de Esperidião Amin (PP-SC), que tentava tirar a sabatina da CCJ e fazê-la diretamente no plenário. O pedido foi negado pela Mesa Diretora do Senado, mas o parlamentar não sossegou. Na quarta-feira, protocolou uma questão de ordem exigindo que o presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG) explique sua decisão. Se não der certo, ele ainda cogita apresentar um recurso ao próprio plenário, alongando a discussão e envolvendo mais senadores nessa disputa, ou mesmo levar suas queixas contra Alcolumbre ao conselho de ética.

“Acho que está se avolumando uma pressão para a sabatina. Mais 10 dias e esse movimento se torna incontrolável no Senado. Se ele não pautar, corre o risco de ser atropelado”, diz um senador próximo a Alcolumbre.

A pressão no Senado se junta à do Palácio do Planalto e de lideranças evangélicas capitaneadas pelo pastor Silas Malafaia, que fizeram marcação cerrada nos últimos dias.

Enquanto Jair Bolsonaro dizia publicamente estar sendo chantageado e que Alcolumbre não age de acordo com a Constituição, emissários do presidente passaram os últimos dias em conversas por telefone e trocas de mensagens com o senador do Amapá.

Líderes evangélicos tentaram encontrar Alcolumbre pessoalmente, mas ele escapuliu. Acabou sofrendo ataques públicos do pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus, que acusou também o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, de aproveitar o impasse para emplacar um nome do centrão na vaga. Os ataques repercutem no eleitorado amapaense, que tem 40% de evangélicos. Ainda assim, sempre que cobrado, Alcolumbre joga a responsabilidade para o presidente da República. No argumento, o presidente da CCJ diz que Bolsonaro é quem não quer que ele marque a sabatina.

Aos aliados mais próximos, porém, Alcolumbre afirma que não deixará um lavajatista assumir uma cadeira no Supremo e diz que não pautará sessão alguma até que haja condições de trocar a indicação de Mendonça pela de seu aliado Augusto Aras.

Depois de um almoço com Flávio Bolsonaro, na segunda-feira, e de uma nota pública em que dizia que não toleraria ameaças, Alcolumbre disse que aceitava se encontrar com o presidente da República na quinta-feira. Até agora, porém, não há pistas sobre se de fato se encontraram e o que conversaram.

Para senadores do grupo que apoia Alcolumbre e quer Aras no Supremo, a pressão crescente pode fazer com que o presidente da CCJ tenha que tomar decisões mais cedo. O mal-estar de senadores que acusam Alcolumbre de submeter o Senado a seus interesses particulares está se estendendo a Rodrigo Pacheco e criando rachas internos em algumas legendas, como o MDB e o PSD.

Por isso, esses aliados vêm recomendando a Alcolumbre que aja o mais rápido possível para liquidar a fatura em torno de Mendonça, sob pena de perder o timing político para a decisão. Estimam que o presidente da CCJ vá ter alguns dias de trégua na semana que vem, porque o relatório final da CPI da Covid será votado na próxima quarta-feira e atrairá todas as atenções.

Ainda assim, apostam que o tema Mendonça seguirá fervendo nos bastidores nos próximos dias, para reavivar com força em público no início de novembro. Se até lá não tiver conseguido derrubar Mendonça, Alcolumbre corre o risco de ter de reorientar toda a sua estratégia, com um custo político cada vez mais alto.

O Globo 

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