Brancos se vacinaram duas vezes mais que negros, que são maioria

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Foto: Gustavo Moreno/Especial Metrópoles

A população negra, que reúne os pretos e os pardos, é maioria no Brasil. Esse grupo, contudo, recebeu somente 23% das doses da vacina contra a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. Foram, ao todo, 63,8 milhões aplicadas, do universo de 270 milhões de unidades já administradas.

Separadamente, os pretos receberam 11,4 milhões de doses, o que representa 4,3% do total da campanha. Outras 52,4 milhões foram aplicadas em pardos — 19,9% do total. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), juntas essas raças representam 54% da população nacional.

O ranking é composto, ainda, pela vacinação da população branca, que recebeu 95 milhões de doses (36%); amarela, com 37,1 milhões de doses aplicadas (14%); e indígena, que recebeu 671 mil doses (0,3%). Vale ressaltar a incongruência no volume destinado a quem se autodeclara como amarelo, muito superior ao percentual da população brasileira assim classificada no IBGE – 1,1% do total.

A desigualdade na aplicação das vacinas anti-Covid pode, no entanto, ser diferente – até maior. O problema é que, na prática, o governo federal não conhece a realidade das aplicações por raça/cor. O Ministério da Saúde não tem registro de raça sobre 25,6% das doses aplicadas – em problema que ocorre porque as unidades federativas falham ao alimentar o banco de dados nacional. Esse universo engloba 67,5 milhões de unidades da vacina.

Essa lacuna de informações compromete o monitoramento da campanha e dificulta eventuais ajustes para equilibrar a aplicação.

Os dados foram analisados pelo Metrópoles, com base em material publicado pelo LocalizaSUS, plataforma de registro de informações do Ministério da Saúde referente à pandemia, e consideram lançamentos disponibilizados até segunda-feira (25/10).

Os dados da plataforma são inseridos pelos municípios. Em seguida, são compilados por cada Unidade da Federação e registrados na Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), plataforma nacional que centraliza informações do Sistema Único de Saúde (SUS).

Breno Adaid, coordenador do mestrado profissional em administração do Centro Universitário Iesb e pós-doutor em ciência do comportamento pela Universidade de Brasília (UnB), acredita que falhas no registro das informações aumentam a discrepância.

“Para mim, isso é um problema de dados e não exatamente comportamento da população, por exemplo, mais negros preferirem não se vacinar”, explica.

O especialista afirma que a cor de pele não deve ser um impeditivo para a imunização. “Não tem nada que justifique a cor da pele influenciar na opção de vacinar, mesmo se levar em consideração a classe social”, salienta.

Ele conclui: “Não faz sentido essa discrepância enorme, uma vez que a vacina é gratuita e não existe qualquer restrição, exceto idade. Ainda mais uma discrepância dessa magnitude”.

Panorama da vacinação
Desde o início da campanha de imunização, em 17 de janeiro, o Ministério da Saúde distribuiu 320 milhões de unidades de vacinas. Desse total, 270 milhões foram aplicadas entre primeira, segunda e única dose.

Ao todo, o país registrou 21,7 milhões de adoecimentos por Covid-19, e 606 mil pessoas já morreram vítimas da enfermidade.

A reportagem questionou o Ministério da Saúde sobre a discrepância e o que poderia explicar a diferença nos números e a alta quantidade de registros sem informações suficientes. A pasta não comentou o assunto.

Em nota, afirmou que atua por meio de campanhas para mobilizar a população sobre a importância da vacinação. “A estratégia é necessária não só para garantir a imunização contra a Covid-19, mas o acesso à todas as vacinas previstas no calendário vacinal, e para afastar o risco de reintrodução de doenças já erradicadas no país”, resume o texto.

Metrópoles  

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