Discurso antivacina de Bolsonaro não engana mais ninguém

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Foto: Governo de São Paulo/Divulgação

A imunização acelerada contra a Covid-19 no Brasil mostra que, apesar da postura negacionista do presidente Jair Bolsonaro — inclusive com a divulgação de mentiras e informações distorcidas –, os brasileiros confiam nas vacinas contra a doença.

Desde o início da campanha, em janeiro deste ano, três a cada quatro brasileiros (73,5%) tomaram ao menos uma aplicação e 113,4 milhões de brasileiros já atingiram o esquema vacinal completo, seja com duas doses ou dose única (no caso da Janssen) – o número corresponde a cerca de 53% dos habitantes do país, considerando a estimativa populacional do IBGE para 2021. O percentual é parecido com o dos Estados Unidos, por exemplo, onde chegou a 58%, segundo a Universidade Johns Hopkins. De acordo com o Ministério da Saúde, já foram aplicadas 266 milhões de doses em todo o Brasil e distribuídas pouco mais de 320 milhões.

Os bons resultados ocorrem mesmo após uma atuação clara do presidente contra a imunização. Na última delas, durante uma live na quinta-feira, 21, Bolsonaro associou a vacinação contra a Covid-19 à Aids, sugerindo que pessoas completamente imunizadas teriam mais chances de contrair a doença, o que é um completo absurdo. O vídeo foi apagado neste domingo, 24, tanto pelo Facebook quanto pelo Instagram, sob a justificativa de que houve disseminação de fake news. Foi a primeira vez que o Facebook tirou do ar uma transmissão ao vivo de Bolsonaro. Até então, a rede social só tinha removido um vídeo no qual o presidente citava o uso de cloroquina para o tratamento da Covid-19 e defendia o fim do isolamento social.

Segundo pesquisa divulgada pela Fiocruz em setembro, 89,5% dos brasileiros disseram que pretendem se vacinar ou já tinham se vacinado. A hesitação foi observada em 10,5% — mas deste percentual, 6,7% concordariam em ser imunizados dependendo da vacina que estava disponível. Apenas 2,5% não pretendiam ser vacinados, e 1,3% disseram que estavam inseguros.

De acordo com a pesquisadora Daniella Moore, do Instituto Fernandes Figueira (IFF), que faz parte da fundação e realizou a pesquisa, o principal temor para descartar a vacina é o da reação adversa. “Quanto maior o medo da reação adversa, maior a hesitação vacinal. Isso mostra que a gente tem ainda para cobrir uma lacuna de informação para que as pessoas tenham menos receio.”

O número baixo de efeitos colaterais significativos, por outro lado, tem ajudado o brasileiro a se engajar na vacinação. “As reações adversas observadas na vacina da Covid-19 têm sido mais leves, que em geral duram um ou dois dias, pode dar febre e dor no corpo, mas passa”, afirma Moore em vídeo divulgado pela Fiocruz.

Reconhecido como um dos países com a melhor capacidade de vacinação de sua população, o Brasil também já começou a aplicar doses de reforço contra a Covid-19. Estão nesse público-alvo os idosos e pessoas com comorbidades, além dos profissionais da saúde. Nesse categoria de imunizados, o total de doses extras em todo o país chega a 4,6 milhões (2,1% da população).

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