Novos empregos são, na verdade, subempregos

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Foto: Mathilde Missioneiro/Folhapress – 30.set.20 – Folhapress

Em uma lista com seis tipos de ocupação, o trabalho por conta própria é o único que supera o patamar pré-pandemia no Brasil, sinalizam dados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua).

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou o levantamento nesta quarta-feira (27).

No trimestre encerrado em agosto, o número de trabalhadores por conta própria (com e sem CNPJ) voltou a bater recorde no país, alcançando 25,4 milhões. O contingente é o maior da série histórica iniciada em 2012.

Em igual trimestre de 2019, antes da pandemia, o número de trabalhadores por conta própria era de 24,3 milhões. Ou seja, na comparação entre os dois períodos, o grupo teve variação positiva de 4,6% (mais 1,1 milhão).

Outras cinco categorias pesquisadas registraram variações negativas. Isso significa que ainda apresentam população ocupada menor ou relativamente estável frente ao pré-crise.

A maior redução, em termos percentuais, foi registrada pelos empregadores. No trimestre até agosto de 2021, o número de profissionais atuando nessa condição foi de 3,8 milhões, 12,9% abaixo de igual período de 2019 (4,3 milhões).

Também houve variações negativas na população ocupada nos seguintes setores: trabalho doméstico (-12,1%), empregados no setor privado (-6,7%), trabalho auxiliar familiar (-6,6%) e empregados no setor público (-0,7%).

Segundo economistas, o avanço do trabalho por conta própria pode ser associado principalmente aos efeitos da crise econômica.

Diante da escassez de empregos, abrir um negócio foi a alternativa de renda encontrada por parte dos trabalhadores.

“Muitas pessoas vão para essa linha porque não dependem de processos seletivos para trabalhar. Isso foi intensificado pela necessidade na pandemia”, afirma o economista Rodolpho Tobler, pesquisador do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).

A maior parcela dos profissionais por conta própria é formada por informais. Dos 25,4 milhões no trimestre até agosto, 19,4 milhões (76,3%) não tinham CNPJ. A parcela com o registro era de 6 milhões (23,7%).

Em igual trimestre de 2019, o país também tinha cerca de 19,4 milhões de trabalhadores por conta própria sem CNPJ. Esse grupo encolheu na fase inicial da pandemia, mas vem sinalizando retomada nos últimos meses.

Já a parcela com CNPJ era de 4,9 milhões no trimestre até agosto de 2019. Ou seja, avançou em torno de 23,9% durante a crise sanitária.

“Há uma tentativa de formalização dessas pessoas para ter acesso a algum tipo de benefício. Mas esse patamar tão alto do trabalho por conta própria tem a ver com o processo de saída da crise”, analisa Tobler.

Segundo o IBGE, a população ocupada, em termos gerais, chegou a 90,2 milhões de pessoas no trimestre até agosto.

A marca significa crescimento de 10,4% (mais 8,5 milhões) frente a igual período de 2020. Contudo, ainda está 3,7% abaixo (menos 3,4 milhões) do mesmo intervalo de 2019.

“A gente tem uma melhora na margem no mercado de trabalho, mas ainda não é uma recuperação plena. O trabalho por conta própria é a forma que muitas pessoas encontram para se virar ou até fazer bicos”, observa Sergio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados.

Segundo ele, o baixo desempenho da economia antes da Covid-19 já dificultava um quadro mais confortável para o emprego. Com a crise sanitária a partir de 2020, a situação se agravou, e só agora dá sinais mais positivos.

O problema, diz Vale, é que a piora recente nas projeções macroeconômicas para 2022 traz riscos adicionais para o mercado de trabalho.

Essa piora ganhou força na semana passada, após o governo Jair Bolsonaro (sem partido) decidir driblar o teto de gastos para bancar o Auxílio Brasil.

Na visão do mercado financeiro, a incerteza fiscal tende a comprometer o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em 2022 e, consequentemente, ameaça a reação no mercado de trabalho.

Folha de S. Paulo

 

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