O caos que o WhatsApp gerou
Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo
O “apagão” mundial das redes sociais, que deixou fora do ar por cerca de seis horas na segunda-feira os principais serviços do Facebook, incluindo o Instagram e o WhatsApp, provocou diversos impactos na vida dos internautas.
No Twitter — que apresentou instabilidade, possivelmente devido ao pico de acessos, mas se manteve funcionando — alguns disseram estar aliviados com um dia de “folga” das redes. Por outro lado, diversos relatos evidenciam a dependência dessas plataformas seja para a comunicação com familiares, trabalho, entretenimento ou acesso a informações.
Uma estudante relata ter enviado para os pais uma mensagem dizendo que havia passado mal, mas a parte na qual explicava que já estava bem não chegou a ser enviada, deixando a família preocupada:
Eu mandei uma mensagem assim: passei mal na faculdade e desmaiei. Aí essa mensagem chegou pros meus pais, mas o resto explicando que eu já tava bem não, e depois o whatsapp caiu… Olha, isso não se faz, seu Whatsapp HSUSISHSJH eles ficaram preocupados e me ligaram
— Chorona vírus (@taateixeiira) October 4, 2021
Em outra postagem, uma internauta conta ter encontrado as vizinhas reunidas na calçada reclamando do Whatsapp: “trouxeram o grupo para o presencial”, diz.
Passei um café e fui na calçada e todas as vizinhas estavam do lado de fora reclamando do WhatsApp fora do ar e falando mal de alguém. Trouxeram o grupo pro presencial.
— sine qua non (@mmbsatiro) October 4, 2021
Outro tuíte evidencia a necessidade do aplicativo como meio para a população acessar a Defensoria Pública. “Para milhares de pessoas, ficar sem Whatsapp é ficar sem direitos”, afirma.
Para milhares de pessoas, ficar sem Whatsapp é ficar sem acesso a seus direitos. Essas pessoas acessam a Defensoria Pública pelo app, e eu trabalho diretamente com isso, como Defensor da Triagem, que funciona no presencial e via Whatsapp. Foi e está sendo muito tenso por aqui.
— Vitor.R. (@vitorr82) October 4, 2021
“Muito estranho a vida sem WhatsApp, estou tão acostumada com ele que nem parece que passei boa parte da vida sem”, diz outra internauta, que conta ter se sentido “isolada do mundo”.
Muito estranho a vida sem WhatsApp, tô tão acostumada c ele que nem parece que passei boa parte da vida sem. Agora o app passa 1 tarde off e eu já tô me sentindo isolada do mundo
— Ana Maria (@anamariavaraujo) October 4, 2021
O Facebook culpou “alterações de configuração em roteadores que coordenam o tráfego de rede” pela interrupção, que foi a maior já rastreada pelo grupo de monitoramento da web Downdetector.
A doutora em Saúde Mental Anna Lucia Spear King, professora da Pós-Graduação da UFRJ na disciplina sobre dependência digital e temas relacionados, destaca que a pane evidenciou a “fragilidade que estamos ao dependermos dessas redes sociais”:
— Estamos fazendo nossa vida girar em torno disso. Profissional, pessoal, familiar, tudo passa por meio dessa interatividade com essas plataformas. A situação de ontem nos mostrou que criamos um mundo particular que funciona dependendo desses conteúdos. Se der uma pane, tudo para. Foram muitos prejuízos — diz a psicóloga, que também é fundadora do “Laboratório Delete – Detox Digital e Uso Consciente de Tecnologias”.
Muitos internautas também relataram ter sentido ansiedade sem a plataforma. O efeito provocado dependeu da expectativa da pessoa para o dia, explica King: por exemplo, se ela dependia da plataforma para trabalhar ou estava esperando uma resposta afetiva, de alguém com quem se relaciona. Mas a especialista destaca que a dependência por lazer ou trabalho é diferente da patológica, que começa quando já existe um transtorno primário potencializado pelo uso abusivo diário dessas tecnologias.
Outros internautas, por outro lado, comemoraram estar sem acesso às redes e a ansiedade provocada por elas.
— Essas redes sociais causam estresse e conflitos dentro da gente. Temos que seguir o padrão que é imposto, tudo que você posta está sujeito a receber comentários agradáveis e desagradáveis… As redes mexem muito com nosso emocional — diz.
A psicóloga acredita que, ao evidenciar “a fragilidade da forma como estamos nos conectando”, o episódio pode contribuir para uma maior reflexão sobre o uso dessas plataformas.
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