Senado acelera projetos de senadores com viés eleitoral

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Foto: Reprodução/ Internet

A CPI da Covid mobilizou o debate público nos últimos seis meses e chega ao fim nesta semana. Se os resultados das investigações são alvo de discussão, quem se destacou nos debates, seja governista ou da oposição, ganhou novo fôlego na carreira política.

Dos 11 membros titulares da CPI, pelo menos sete são cotados como possíveis candidatos a governos estaduais em 2022. Um dos que recentemente mais subiram nas apostas é o senador do PT Humberto Costa, que passou a ser defendido pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como um nome para o governo de Pernambuco.

No Estado, o partido é aliado do PSB do governador Paulo Câmara e pretende manter a parceria. O governador, contudo, está no segundo mandato e não tem em seu círculo político um nome natural à sucessão – o secretário de Desenvolvimento Econômico e ex-prefeito do Recife, Geraldo Júlio, descarta ser candidato. E o prefeito do Recife, João Campos, filho do ex-governador Eduardo Campos, tem 27 anos, idade que não é suficiente para disputar o governo – a exigência legal é ter ao menos 30 anos.

Câmara pretende ainda disputar o Senado, já ocupando uma vaga majoritária em uma chapa, o que reforça o pleito petista.

Se for candidato, Humberto Costa deverá ter como adversário o atual prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, filho do líder do governo Bolsonaro no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), que também integra a CPI. Miguel acaba de se filiar ao DEM, que está em processo de fusão com o PSL para formar o União Brasil.

Ambos integrantes do G7, os senadores Eduardo Braga (MDB-AM) e Omar Aziz (PSD-AM), bateram boca e trincaram a unidade do grupo majoritário da CPI da Covid em junho, quando foi convocado o relator da CPI da Saúde do Amazonas, deputado estadual Fausto Junior (MDB-AM). Como pano de fundo estava a disputa eleitoral no Estado. Tanto Aziz, presidente da CPI, quanto Braga são cotados como candidatos ao governo, cargo pelo qual os dois já passaram e foram parceiros: Aziz foi vice de Braga e assumiu o governo em 2010, quando o emedebista foi disputar o Senado.

Luiz Carlos Heinze (PP), que encampou a defesa do tratamento precoce na CPI, vai representar os bolsonaristas na disputa pelo comando do Rio Grande do Sul. Outro integrante da tropa de choque governista, Jorginho Mello (PL) deve ser candidato em Santa Catarina.

Dois protagonistas da CPI, o relator Renan Calheiros (MDB-AL) e o vice-presidente, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) têm interesses diversos na disputa eleitoral do próximo ano. Renan não irá às urnas, mas trabalha para que Renan Filho (MDB), seu primogênito e governador de Alagoas, faça o sucessor no Estado e siga para o Senado, assim como o pai. Muito próximo de Lula, Renan não compareceu ao jantar oferecido ao ex-presidente por Eunício Oliveira (MDB) em Brasília, no dia 6. Mas lá esteve o deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL), que tenta se viabilizar como nome dos Calheiros para concorrer ao governo local. Já Randolfe rompeu politicamente a parceria no Amapá com o grupo do senador Davi Alcolumbre (DEM) e avalia a candidatura ao governo. Uma dificuldade para ele é a perda de força da Rede Sustentabilidade, o que o faz estar no radar de outras siglas. O PDT já o procurou, mas trata-se justamente do partido do atual governador, Waldez Góes, de quem Randolfe é desafeto há anos. Um acerto com partidos mais à esquerda, como PSB, Psol e PT estaria entre as possibilidades para o senador.

Dois senadores saem da CPI como pré-candidatos à Presidência da República, ainda que a permanência para o pleito seja incerta: Simone Tebet (MDB-MS) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE). Um terceiro, Tasso Jereissati (PSDB-CE), retirou seu nome nas prévias do PSDB em favor do governador gaúcho Eduardo Leite.

Tema dominante no noticiário político do último semestre, a CPI trouxe holofotes até mesmo para quem não era titular, casos de Rogério Carvalho (PT), pré-candidato ao governo em Sergipe; ou mesmo quem nem faz parte formalmente da comissão, como Izalci Lucas (PSDB), que vai concorrer no Distrito Federal, e Fabiano Contarato (Rede-ES). O senador do Espírito Santo já havia chamado a atenção de Lula, que o convidou para ingressar no PT e concorrer ao governo, e ficou ainda mais em evidência após confrontar o empresário Otavio Fakhoury por mensagens homofóbicas publicadas na internet. O problema de Contarato é semelhante ao de Randolfe, com a necessidade de migrar de partido para pôr de pé uma candidatura competitiva. Ele também foi sondado pelo Cidadania, PDT, PCdoB e PSB.

Considerado até então um parlamentar de perfil moderado, o senador Marcos Rogério (DEM-RO) encarnou o bolsonarismo na CPI de tal forma que passou a ser colocado em conversas entre interlocutores do governo como um possível ministro no futuro – ele também pode disputar o governo de Rondônia em 2022. “Não posso negar que a CPI exerceu uma influência no que diz respeito a revelar minha posição de defesa do governo. Quanto a uma eventual participação no governo, em ministérios, especulações externas existem, mas eu nunca tratei disso com o presidente Jair Bolsonaro”, afirma o senador.

Tendo protagonizado episódios controversos na CPI, como a apresentação de um vídeo descontextualizado do médico Drauzio Varella minimizando o impacto da covid-19 ou ter confrontado o relato de um paciente que escapou da morte após ser medicado pela Prevent Senior com o “kit covid” – o que levou colegas de Senado a acusá-lo de tentar desqualificar a testemunha -, Marcos Rogério explodiu nas redes sociais de direita. Tanto passou a postar mais como cresceu fortemente no número de seguidores, que eram 36,5 mil no Twitter em abril, quando começou a CPI, e hoje são mais de 200 mil. Como comparação, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), tem 73,6 mil seguidores. Com mandato até 2026, Marcos Rogério poderia assumir uma Pasta no âmbito da reforma ministerial de abril de 2022, quando vários ministros devem deixar o cargo para disputar as eleições.

Valor Econômico

 

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