Brasil tem menor natalidade em 20 anos durante pandemia
Foto: Prefeitura de Fortaleza
Desde 1994 não nasciam tão poucos brasileiros como em 2020. Ao todo, foram 2.678.992 nascimentos do ano passado registrados, 4,7% a menos que em 2019. Os dados constam no levantamento Estatísticas do Registro Civil, divulgado hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Segundo o IBGE, a queda de natalidade não deve ser atribuída diretamente por 2020 ser um ano de pandemia —já que ela vinha ocorrendo há alguns anos em todo o país.
Entretanto, o órgão afirma que as restrições impostas pela covid-19 podem ter impactado negativamente na emissão das certidões em cartórios.
“Na comparação mensal entre registros de nascimentos realizados em 2020 e a média de registros realizados nos últimos cincos anos, observa-se uma queda de registros em todos os meses. Particularmente em março e maio, meses com uma maior demanda aos cartórios para a realização de registros, houve uma queda superior a 40.000 registros quando comparado à média de registros realizados nesses mesmos meses no período de 2015 a 2019 analisado”, aponta informativo do estudo do IBGE.
A queda de registros ocorreu em todas regiões em 2020:
Norte: -6,8%
Nordeste: -5,3%
Centro-Oeste: -4,7%
Sudeste: -4,3%
Sul: -3,1%
Entre as unidades da federação, o Amapá foi o estado que apresentou a maior queda (-14,1%), seguido por Roraima (-12,5%) e Acre (-10,0%).
A covid-19, diz o IBGE, deve ter sido responsável por dificuldades no registro pelos país porque os cartórios precisaram adotar medidas restritivas.
“Tais mudanças podem ter contribuído para a diminuição expressiva na realização de registros de nascimento no mês de março e a postergação dos registros para junho e julho, meses em que apresentaram sinais de retomada na realização de registros de nascimentos ainda que em patamares inferiores à média dos últimos cinco anos”, diz.
Nesse caso, uma das hipóteses é que os bebês de 2020 venham a elevar uma outra estatística: a do sub-registro de nascimento. Os dados mais recentes do IBGE são de 2019 e mostram que 2,1% dos recém-nascidos não foram registrados no mesmo ano do parto ou no primeiro trimestre do ano subsequente.
Em 2020, por exemplo, foram registrados nos cartórios 49.281 bebês de anos anteriores —17,8 mil no Norte.
Perfil das mães está se tornando mais velho
Nos últimos anos, o perfil das mães brasileiras vem mudando. Em 2000, 76% dos recém-nascidos tinham mãe com menos de 29 anos. Desses, um em cada cinco era filho de uma jovem com menos de 20 anos.
No ano passado, esse percentual caiu para 62%. “Tais resultados corroboram as tendências, observadas no Censo Demográfico 2000 e 2010, de redução das taxas de fecundidade das mulheres mais jovens”, diz o IBGE.
Nesse período, o percentual de mães com 40 anos ou mais quase dobrou de 2%, em 2000; para 3,7% em 2020.
Outro ponto que o IBGE chama a atenção em seu informativo é que as regiões do Brasil “expressam realidades peculiares e desiguais entre si, não só em termos sociais e econômicos, mas também demográficos”. O instituto destaca que, em 2020, eram da região Norte 19,5% das mães com menos de 20 anos —padrão semelhante ao observado no país em 2010.
Por outro lado, tanto na Região Sudeste como na Região Sul, observa-se uma grande representatividade de nascimentos cujas mães tinham idades de 30 a 39 anos. Nessas Regiões, o percentual de nascidos vivos gerados por mães nessa faixa etária foi superior a 37% dos nascimentos ocorridos em 2020 e registrados.
Em comentário no informativo, esse tipo de dado deve nortear políticas públicas. “O conhecimento dessa realidade, observada na desagregação geográfica dos nascimentos por idade da mãe, é de grande relevância, não apenas para identificar os padrões regionais de nascimentos, suas características e influências sobre o total nacional, mas também porque apontam para a necessidade de se considerar essas e outras peculiaridades regionais na elaboração e implantação de políticas públicas”, define.
“As maiores razões de sexos entre recém-nascidos foram observadas nos estados do Acre e de Roraima, com 107 meninos para cada 100 meninas; seguidos pelos Estados de Sergipe, Paraná e Mato Grosso, com uma relação de 106 meninos para 100 meninas”, diz o IBGE.
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