Doria e Leite fingem que bancada tucana não votou pró-calote nos Precatórios

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Foto: Felipe Rau/Estadão

Os três pré-candidatos do PSDB à Presidência da República em 2022 procuraram se distanciar da postura do governo Bolsonaro na esteira da aprovação da PEC dos precatórios durante debate promovido pelo Estadão nesta sexta-feira, 12. Ao responder sobre a posição do partido na votação da pauta na Câmara, os governadores João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS) elevaram o tom, enquanto Arthur Virgílio (AM) prometeu resgatar as políticas de responsabilidade fiscal do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Ao responder sobre a postura do partido em relação à PEC dos precatórios, Doria chamou de “execrável” a proposta defendida pelo Palácio do Planalto que muda a regra do teto de gastos com o objetivo de abrir espaço no Orçamento do governo para pagar o Auxílio Brasil de R$ 400.

“Não faz sentido um partido que criou a Lei de Responsabilidade Fiscal ter posições dúbias ou posições para apoiar o rompimento do teto e da Lei de Responsabilidade Fiscal; pela mesma razão Dilma teve seu impeachment declarado pelo Congresso”, disse Doria. Na sequência, ele provocou Eduardo Leite ao lembrar que parlamentares próximos do rival atuaram ao lado do governo na votação.

De 32 deputados da bancada, 21 votaram favoráveis à PEC. Doria ressaltou o posicionamento da bancada paulista, que votou majoritariamente contra a PEC.

Leite rebateu lembrando que o PSDB conta com apenas dois deputados do Rio Grande do Sul na bancada federal e que sua liderança tem foco na Assembleia Legislativa do Estado. “O João acabou de falar sobre os deputados que ele comanda. Isso deixa clara a diferença do nosso tipo de atuação. Eu não comando deputados, eu busco convencer com argumentos, e sempre convenci a fazer as coisas certas e do jeito certo.”

O ex-senador Virgílio também questionou Leite sobre a posição dos deputados gaúchos. “Não deixe que lhe preguem a fama de bolsonarista”, afirmou.

No intervalo das prévias, o presidente do PSDB, Bruno Araújo, afirmou que o tema debatido pelos governadores fragiliza o partido como um todo. “Minha expectativa é que quando tivermos escolhido um candidato a presidente, que ele se tome de legitimidade para tratar com muito mais força de uma posição do partido nessa questão. Todos partidos perderam controle na relação direta com as bancadas”, disse.

A responsabilidade fiscal costuma ser levantada como uma bandeira do partido. Arthur Virgílio defendeu reinserir o tripé macroeconômico, que balizou o governo de Fernando Henrique Cardoso: responsabilidade fiscal, controle da inflação através de metas e câmbio flutuante com manejo do banco central. O ex-senador também ressaltou que em um possível governo dele, não haverá espaço para as “emendas de relator”.

Em resposta à mesma pergunta, Leite ressaltou que a responsabilidade com as contas deve estar atrelada à responsabilidade social e disse apostar no crescimento sustentado como alternativa para o combate às desigualdades. Também destacou um projeto de lei que circula na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul que pretende criar um teto de gastos no estado.

Doria defendeu a desestatização do estado, e usou como exemplo as políticas aplicadas em São Paulo. Também reforçou que é favorável à proteção dos mais pobres e à educação. O governador de São Paulo ressaltou que a reforma administrativa do Estado viabilizou a reabertura de escolas. “No meu governo, a prioridade numero um, ao lado da geração de empregos, será a Educação”, afirmou.

A votação no colégio eleitoral das prévias do PSDB está marcada para 21 de novembro.

Em mais de uma oportunidade, Leite reforçou a rejeição ao nome de Doria em contraste ao seu destacada em pesquisas. “Não estou discutindo se é justa ou injusta a rejeição, é um fato. E ela dificulta para o PSDB se comunicar com a população em uma eleição que já tem dois polos extremos”, disse Leite.

Em outro momento no debate, o governador gaúcho insinuou que o PSDB paulista estaria constrangendo prefeitos a favorecer Doria na disputa pelas prévias do partido. “Há boatos de que você estaria constrangendo prefeitos com condicionamento de assinaturas e até suspendendo filiações de vereadores que declararam apoio (a mim)”, disse Leite.

Doria desconversou as acusações de Leite, dizendo que ele estaria “nervoso” e que preferia falar sobre os programas previstos. “Se tem alguma tensão minha”, respondeu Leite, “é a de ver meu partido sendo alvo de constrangimento. Isso me deixa nervoso e preocupado com o PSDB”, respondeu Leite.

Os três presidenciáveis concordaram com a possibilidade de um crescimento econômico respaldado na preservação do meio ambiente. Leite afirmou que o governo federal deve garantir a punição de quem desmata. Para ele, o Brasil precisa mostrar para o mundo o compromisso com o desmatamento zero para ganhar credibilidade comercial. “Não precisa de desmatamento para crescer economicamente”, disse.

No mesmo tema, Arthur Virgílio questionou João Doria sobre sua posição a respeito da Zona Franca de Manaus. O amazonense afirmou que é “descabido” advogar contra a manutenção do polo industrial, que, segundo ele, contribui para a preservação da floresta amazônica.

Doria prometeu não advogar contra a zona franca e se mostrou favorável à criação de um fundo ambiental composto pelas empresas que estão na zona franca. Para ele, isso deixaria claro aos brasileiros e ao mundo a contribuição destas organizações com o investimento para manter a floresta.

Estadão 

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