Extrema-direita é mais forte na América Latina que no resto do mundo

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Foto: Alan Santos/Presidência da República/Divulgação

É notável a resiliência de Jair Bolsonaro.

O desgoverno na pandemia e o descontrole na economia resultaram em repúdio recorde (60%) à sua atuação e comportamento na presidência nas pesquisas de opinião pública.

Em contrapartida, essas sondagens revelam o que os adversários fingem subestimar: ele conseguiu atravessar a crise dos últimos 23 meses — e prossegue — amparado na fidelidade de um quarto do eleitorado, como certificou o Ipespe em nova rodada divulgada ontem.

Continua a ser o porta-voz mais destacado de um segmento de eleitores insatisfeitos, barulhentos na mídia digital e identificados com a direita, cuja influência cresceu e consolidou rápido na cena política nacional.

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O desempenho eleitoral de Bolsonaro no Rio é eloquente. Sindicalista informal da base eleitoral policial-militar, o radical de direita passou a se apresentar, também, como um defensor dos excluídos do “sistema” democrático. Explorou o universo de eleitores em desencanto com a política tradicional, mesmo sendo beneficiário em quase três décadas de mandatos, primeiro como vereador, e depois, como deputado federal. Foi além da crítica padrão à marginalização econômica da maioria, com propostas sociais peculiares ao ultraconservadorismo religioso.

Resultado: em 2014 se reelegeu deputado com quase quatro vezes mais votos do que havia obtido na eleição anterior para Câmara — saltou de 1,5% para 6,1% do total. Quatro anos mais tarde, na disputa presidencial, arrebatou 67,9% da votação no Estado.

Acabou pioneiro na América do Sul na ressonância daquilo que pode ser classificado como populismo de ultradireita, cuja figura mais emblemática no continente é o ex-presidente americano Donald Trump, pré-candidato à eleição de 2024 pelo Partido Republicano.

Bolsonaro já não está só no mapa sul-americano. Na sexta-feira 10 de dezembro, em Buenos Aires, o economista argentino Javier Milei assume uma das 257 cadeiras na Câmara dos Deputados, em Buenos Aires. Milei surpreendeu na eleição do último dia 15, ao sair das urnas com 17% dos votos. Rompeu com a dicotomia de peronistas e liberais predominante no mapa político da Argentina, se tornando a terceira força política na capital.

Milei, 51 anos, é um militante da ultradireita com ideias que fluem na direção da agenda anticomunista e antissocialista fomentada por Trump nos EUA, em parte adotada por Bolsonaro. É um teórico da versão mais libertária do capitalismo, do tipo que defende a absoluta desregulamentação das relações de negócios e a emissão privada de moeda. Já está em campanha para a eleição presidencial argentina em 2023.

Alinha-se, também, ao rico advogado José Antonio Kast, 55 anos, que no fim de semana liderou o primeiro turno da eleição presidencial no Chile. É o favorito no páreo final, em 19 de dezembro.

Kast é um autêntico representante da nova geração da ultradireita chilena. Seus antecessores sustentaram a ditadura (entre 1973 e 1990) do general Augusto Pinochet, cujo legado ele faz questão de defender. Uma de suas propostas é perdoar os policiais e militares condenados por tortura e assassinatos políticos na ditadura que envelheceram na prisão. Outras ideias são resumidas no slogan de campanha “menos impostos, menos governo, pró-vida”.

Com Bolsonaro no Brasil, Milei na Argentina e Kast no Chile, a ultradireita se consolida como força política relevante, resiliente e competitiva na temporada eleitoral sul-americana.

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