Globo faz longo relato sobre périplo de Lula pela Europa

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Foto: Ricardo Stuckert

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, se encontrou com o presidente da França, Emmanuel Macron, nesta quarta-feira, em uma visita que fez ao Palácio do Eliseu, sede do governo francês. O francês é um dos principais antagonistas ao presidente brasileiro, Jair Bolsonaro (sem partido), na União Europeia. Os dois já entraram em atritos diretos devido às políticas ambientais do Brasil e ao desmatamento da Amazônia.

A recepção dada por Macron a Lula contrasta com a relação do francês com seu par brasileiro — durante a última cúpula do G20, em Roma, no final de outubro, os dois líderes pouco interagiram. Em contrapartida, o presidente francês — cuja mulher já foi alvo de ofensas pessoais de Bolsonaro — recebeu o petista seguindo o protocolo comumente reservado a chefes de Estados.

 

Como o petista havia antecipado no dia anterior, durante uma palestra que fez no Instituto de Estudos Políticos de Paris (Sciences Po), Lula e Macron discutiram a cooperação entre países europeus e da América Latina, os desafios sociais e econômicos após a pandemia da Covid-19 e os impactos das mudanças climáticas. O encontro faz parte da agenda do petista na Europa, para onde ele viajou no dia 11 deste mês.

O encontro entre Lula e Macron tinha uma previsão inicial de durar 40 minutos, mas se prolongou por pouco mais de uma hora. Um dos pontos conversados foi o acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia. O tratado está paralisado após líderes europeus, entre eles o presidente francês, pedir adendos com compromissos ambientais no texto.

Acompanhado pelos ex-ministros Celso Amorim e Aloizio Mercadante, Lula se aproveita da imagem desgastada do presidente Bolsonaro no cenário internacional para se reunir com líderes europeus e criticar seu provável principal adversário nas eleições do ano que vem. Segundo pesquisas recentes, o petista aparece na frente de Bolsonaro nas intenções de voto para o pleito presidencial de 2022.

Segundo Amorim, que comandou o Ministério de Relações Exteriores nos governos Lula e de Itamar Franco, a recepção de Macron ao petista deixa claro o contraste na relação que o francês tem com o ex-presidente e com o titular do Palácio do Planalto. Para o ex-chanceler, é um retrato da imagem que o governo brasileiro tem atualmente no cenário internacional.

— É muito raro que um potencial candidato ou um ex-presidente seja recebido com tamanha honraria, como um grande estatista. Isso acontece em um momento em que o atual presidente se mostrou isolado na última cúpula do G20 — diz Amorim.

Na palestra que deu na Sciences Po, Lula criticou a condução da crise sanitária pelo atual presidente e descreveu o governo Bolsonaro como negacionista da ciência:

— Dez anos depois, os desafios fundamentais da Humanidade continuam os mesmos. A urgência de enfrentá-los é que vai se tornando maior. Uma urgência agravada pela pandemia que segue devastando especialmente as populações dos países mais pobres, além daqueles cujos governos negaram a ciência ou, pior ainda, investiram na morte, como ocorreu no Brasil.

O mesmo tom foi usado no discurso de Lula à bancada social-democrata do Parlamento Europeu, na Conferência de Alto Nível sobre a América Latina promovido pelo bloco parlamentar. O evento aconteceu na segunda-feira e, em tom de campanha, Lula criticou Bolsonaro e defendeu as políticas adotadas durante o seu governo e no da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

— Quem vive hoje no Brasil, ou acompanha o noticiário sobre o país, tem todos os motivos para estar pessimista. Mas aonde quer que eu vá, faço questão de dizer: o Brasil tem jeito, apesar do projeto de destruição colocado em prática por um bando de extremistas de direita sem a menor noção do que seja cuidar de um país e de seu povo — disse Lula.

Durante a viagem à Europa, o ex-presidente se encontrou com o provável futuro chanceler [primeiro-ministro] da Alemanha, o social-democrata Olaf Scholz, que saiu vitorioso da eleição do final de setembro no país e negocia um Gabinete para suceder o de Angela Merkel — com quem Bolsonaro também já teve atritos por causa da pauta ambiental.

Durante a cúpula do G20, o presidente brasileiro esteve numa mesma mesa que Scholz, mas preferiu interagir mais com o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, líder visto como autoritário e com quem Bolsonaro tem mais afinidade. Na ocasião, o alemão acabou dando as costas ao brasileiro para falar com o premier inglês, Boris Johnson.

Lula também se encontrou com o alto representante da União Europeia para as Relações Exteriores, Josep Borrell, no último domingo. Já na terça-feira, o petista se reuniu com a prefeita de Paris, a socialista Anne Hildago. Na quinta-feira, o ex-presidente seguirá para a Espanha, onde se encontrará com o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez. Em seguida, encerrará a viagem à Europa.

O Globo 

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