Guedes admite que Orçamento Secreto serve para comprar votos

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Foto: Edu Andrade / Ministério da Economia

Ao ser questionado nesta terça-feira sobre o chamado “orçamento secreto”, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que as emendas de relator do Orçamento, por meio das quais o governo Jair Bolsonaro repassa verbas a parlamentares aliados, são usadas para gerar apoio ao governo e para aprovar reformas.

A emenda de relator é um tipo de instrumento que tem pouca transparência sobre quem indicou o uso do recurso, comumente empregado em obras e serviços nas bases eleitorais de deputados e senadores. É diferente das emendas impositivas, que são divididas igualmente entre todos os parlamentares.

Neste ano, as emendas de relator somam R$ 16 bilhões. É um recurso que está sendo usado pelo governo pela cúpula do Congresso como forma de angariar apoio de parlamentares.

O Supremo Tribunal Federal (STF) impediu a execução dos gastos oriundos dessas emendas até que seja criado um mecanismo que dê transparência para esse instrumento.

Guedes disse que as emendas de relator já eram usadas durante o mandato do então presidente da Câmara Rodrigo Maia, antecessor do atual presidente Arthur Lira (PP-AL), mas que não recebiam tanta atenção e sugeriu que isso ocorria porque Maia fazia oposição ao governo.

— Quando o presidente da Câmara era o Rodrigo Maia, houve o pedido dele de R$ 30 bilhões para o Domingos Neto (PSD-CE), que seria o relator (do Orçamento) da época. Era o dobro de hoje, e não houve essa convulsão toda. Porque, possivelmente, naquela altura, o presidente da Câmara garantiu aqueles recursos para ficar independente do governo, fazer política mesmo sendo oposição ao governo. Ninguém reclamou — disse Guedes, em evento da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

O ministro comparou com a situação atual e sugeriu que o assunto ganhou repercussão por se tratar de um instrumento de apoio ao governo.

— Agora que é a metade daquele dinheiro, mas é para apoiar o governo e fazer as reformas, todo mundo descobriu que o orçamento é secreto, que aquilo está errado. Aquilo não foi criado pelo Lira, aquilo foi criado e usado antes — disse Guedes.

De fato, as emendas de relator foram criadas quando Rodrigo Maia estava à frente da Câmara, em 2019, durante as discussões do Orçamento de 2020. O recurso passou a ser usado no Orçamento de 2020, quando somou cerca de R$ 20 bilhões e Maia também estava na presidência da Casa.

Guedes chamou de “patético” o que entende ser uma “briga” por R$ 15 bilhões em recursos em emendas de relator, sendo que as despesas totais do governo chegam a R$ 1,8 trilhão por ano. Para ele, o Orçamento deveria ser reformado para tirar gastos obrigatórios e desindexá-los, deixando as verbas ficarem amplamente livres para serem discutidas.

— No Brasil, 96% do Orçamento está carimbado, sobra 4%. Aí tem uma briga feroz por 4%. Essa briga toda, num orçamento de R$ 1,8 trilhão, tem uma briga por R$ 15 bilhões. Algo que era completamente normal e natural e normal, o governo discutir com a sua base — afirmou.

Para Guedes, é natural que quem está no poder tenha gerência sobre mais recursos.

— Não é errado, em lugar nenhum no mundo, que quem está no poder tenha mais comandos sobre recursos. É para isso que você ganha eleição. É natural que vá mais recursos para um lado do que para o outro. Me parece dramática a discussão porque tem um Orçamento de R$ 1,8 trilhão e está a maior briga por causa de R$ 15 bilhões. É natural que quem ganhou a eleição tenha um pouco mais de recurso do que quem perdeu a eleição — afirmou.

O ministro defende a tese de que o Orçamento precisa ser discutido ao longo do ano entre o governo e sua base.

— Em qualquer lugar do mundo, o governo e sua base parlamentar passam o ano inteiro discutindo o Orçamento, verbas, recursos. A discussão de Orçamento é a essência da política. A essência da política é o comando dos recursos público.

O Globo 

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