Guedes não vê nada demais em ter empresa que lucra com dólar alto

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Billy Boss/Câmara dos Deputados

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta terça-feira (23) que a empresa “offshore” dele nas Ilhas Virgens Britânicas é “absolutamente legal” e que ele não entrou no governo por “oportunismo” a fim de ter acesso a informações privilegiadas.

Guedes deu as declarações ao participar de audiência conjunta das comissões de Trabalho, de Administração e Serviço Público (CTASP) e de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC) da Câmara dos Deputados.

A existência da offshore de Guedes foi revelada em outubro em uma série de reportagens chamada Pandora Papers, conduzida pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos. Quando a informação foi revelada, Guedes negou irregularidades.

“Offshore é um veículo de investimento absolutamente legal. É absolutamente legal. Por razões sucessórias, se comprar ações de empresas, se tiver uma conta em nome da pessoa física, se você falecer, 46%, 47% são expropriados pelo governo americano. Tendo uma conta em pessoa física, todo seu trabalho de vida, ao invés de deixar para herdeiros, vira imposto sobre herança. Então, o melhor é usar offshore, que está fora do continente”, declarou Guedes nesta terça.

Offshore é uma palavra que significa, em tradução livre, “além da costa” – algo que está fora do território de um país.

No caso das empresas, trata-se de uma companhia aberta por pessoas ou outras empresas em um país diferente daquele em que se residem.

De acordo com o consórcio internacional de jornalistas, apesar de um suposto conflito de interesses, o ministro se manteve no controle direto da offshore em um paraíso fiscal.

As reportagens do consórcio internacional lembram que abrir uma offshore ou contas no exterior não é ilegal, desde que o saldo mantido seja declarado à Receita Federal e ao Banco Central. E informam que, no caso de servidores públicos, a situação é diferente.

Isso porque o Artigo 5º do Código de Conduta da Alta Administração Federal, instituído em 2000, proíbe funcionários do alto escalão de manter aplicações financeiras no Brasil ou no exterior passíveis de ser afetadas por políticas governamentais.

Aos deputados, Guedes disse nesta terça que fez depósitos na offshore e que nunca teve interesse em trazer o dinheiro para o Brasil.

“A offshore é como se fosse uma ferramenta, uma faca, pode usar para o mal, para matar alguém, ou para o bem, para descascar uma laranja. Eu fiz um depósito lá fora, em 2014 e 2015, e nunca mais tive saco de trazer para o Brasil. Não houve mais depósitos ou remessas ao Brasil. São recursos que foram e é parte da sucessão familiar”, declarou Guedes.

Ainda durante a audiência, Guedes acrescentou que os recursos são declarados anualmente à Receita Federal, ao Banco Central e informou que, quando entrou no governo, remeteu as informações também à Comissão de Ética da Presidência da República.

“São recursos da família que estão lá, estacionados. Nenhuma operação com empresas brasileiras listadas em bolsas, que estão fazendo IPOs, índices brasileiros, não tem nada disso. São fundos de longo prazo, recursos da família, transparentes, registrados no BC, com origem, declarados à Receita Federal todos anos”, disse.

O ministro da Economia também voltou a negar que a manutenção de recursos no exterior represente conflito de interesses com o cargo.

Disse, ainda, que não se beneficiou da mudança implementada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), do qual ele participa, de elevar de US$ 100 mil para US$ 1 milhão o valor mínimo a ser declarado em participações no exterior.

“Se eu tivesse US$ 300 mil, estaria me isentando de declarar à Receita, ao Conselho de Ética. Em nenhum momento estou me fazendo qualquer favor, disse. O patrimônio do ministro Guedes na offshore é de cerca de US$ 10 milhões.

Guedes também afirmou que a primeira versão da reforma do Imposto de Renda, enviada ao Congresso Nacional, era taxar os recursos mantidos no exterior. Ele disse que o texto, que já passou pela Câmara e está no Sendo, foi alterado pelo Congresso Nacional.

Aos deputados, Guedes disse que formou patrimônio no mercado financeiro e na área de educação.

Acrescentou, em seguida, que não entrou no governo por “oportunismo” a fim de ter acesso a informações privilegiadas.

“Tive oportunidade de vir para o governo antes e não vim. Se fosse alguém que quisesse ganhar, usar conflito de interesses, informação privilegiada, teria vindo antes”, disse.

Paulo Guedes também negou ter atuado para elevar a cotação do dólar e, com isso, lucrar com os recursos mantidos no exterior. Como os valores estão em moeda norte-americana, os investimentos se valorizam se o dólar aumenta.

“Se quisesse manipular o cambio, mantinha o BC sob meu comando. Agradeço à Câmara por ter aprovado o BC independente, pois tira o espaço de atuação do Ministério da Economia. É a despolitização da moeda”, acrescentou ele.

Guedes creditou a alta do dólar nos últimos anos à pandemia. “Citaram minha declaração do câmbio chegar a R$ 5 é porque eu fiz coisas erradas. Mas você ouviu falar da Covid? Houve um tragédia no mundo e o Brasil foi um dos países que melhor reagiram” declarou.

Em outubro, os advogados de Guedes divulgaram um documento segundo o qual Guedes deixou o controle da empresa em dezembro de 2018, antes de assumir o cargo de ministro da Economia

No documento, em inglês, os representantes de Guedes informam que ele deixou o controle da offshore em 21 de dezembro de 2018. Ele assumiu como ministro da Economia em janeiro de 2019.

O documento é assinado por representante da empresa Trident Trust, agente financeira apontada nas Ilhas Virgens Britânicas.

G1

 

Assinatura
CARTA AO LEITOR

O Blog da Cidadania é um dos mais antigos blogs políticos do país. Fundado em março de 2005, este espaço acolheu grandes lutas contra os grupos de mídia e chegou a ser alvo dos golpistas de 2016, ou do braço armado deles, o juiz Sergio Moro e a Operação Lava jato.

No alvorecer de 2017, o blogueiro Eduardo Guimarães foi alvo de operação da Polícia Federal não por ter cometido qualquer tipo de crime, mas por ter feito jornalismo publicando neste Blog matéria sobre a 24a fase da Operação Lava Jato, que focava no ex-presidente Lula.

O Blog da Cidadania representou contra grandes grupos de mídia na Justiça e no Ministério Público por práticas abusivas contra o consumidor, representou contra autoridades do judiciário e do Legislativo, como o ministro Gilmar Mendes, o juiz Sergio Moro e o ex-deputado Eduardo Cunha.

O trabalho do Blog da Cidadania sempre foi feito às expensas do editor da página, Eduardo Guimarães. Porém, com a perseguição que o blogueiro sofreu não tem mais como custear o Blog, o qual, agora, dependerá de você para continuar existindo. Apoie financeiramente o Blog

FORMAS DE DOAÇÃO

1 – Para fazer um depósito via PIX, a chave é edu.guim@uol.com.br

2 – Abaixo, duas opções de contribuição via cartão de crédito. Na primeira, você contribui mensalmente com o valor que quiser; na segunda opção, você pode contribuir uma só vez também com o valor que quiser. Clique na frase escrita em vermelho (abaixo) Doação Mensal ou na frase em vermelho (abaixo) Doação Única

DOAÇÃO MENSAL – CLIQUE NO LINK ABAIXO
https://www.mercadopago.com.br/subscriptions/checkout?preapproval_plan_id=282c035437934f48bb0e0e40940950bf

DOAÇÃO ÚNICA – CLIQUE NO LINK ABAIXO
https://www.mercadopago.com.br/subscriptions/checkout?preapproval_plan_id=282c035437934f48bb0e0e40940950bf