Padre picareta está foragido

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Foto: Arquivo/Afipe

Alvo de um pedido de prisão pela Polícia Federal (PF) e de volta ao noticiário, o padre Robson de Oliveira, de 47 anos, ex-reitor da basílica de Trindade (GO), cumpre rotina limitada por regras impostas pela arquidiocese e pelos missionários redentoristas de Goiás.

Desde que a solicitação foi protocolada no Superior Tribunal de Justiça (STJ), desta vez por uma suspeita de corrupção ativa supostamente praticada pelo religioso ao comprar decisão favorável no Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO), surgiu a pergunta sobre o paradeiro e as atuais atividades exercidas por ele.

O Metrópoles conversou com pessoas da Igreja e de Trindade para obter informações sobre a situação atual daquele que é um dos padres mais famosos da Igreja Católica no Brasil e que se vê envolvido em um escândalo ainda sem desfecho. Desde que o caso de suposto desvio de dinheiro doado por fiéis veio à tona, em agosto de 2020, ele permanece em silêncio.

Padre Robson viveu os últimos meses entre a casa dos redentoristas no Setor Universitário, em Goiânia, onde permaneceu recluso por um tempo, e a residência de familiares em um condomínio de luxo (Condomínio do Lago). Além disso, ele teria ido algumas vezes até Trindade para falar com pessoas próximas, mas de maneira discreta, acompanhado por um motorista, somente.

Da semana passada para cá, no entanto, com a novidade do pedido de prisão, o paradeiro dele é dado como incerto por aqueles que, até então, sabiam mais ou menos da rotina e dos locais frequentados pelo religioso. As notícias que antes circulavam e davam conta do ir e vir de Robson de Oliveira deixaram de existir.

A última visita dele ao pai, em Trindade, teria ocorrido há mais de 20 dias. Sua chegada à cidade sempre era registrada de alguma forma no burburinho entre padres e pessoas próximas da Igreja. Além de ser uma figura cujo poder ainda persiste na rotina do município, os veículos utilizados por ele são reconhecidos por muitos por lá.

O líder costuma andar em uma Ford Ranger XLT branca e, mais recentemente, passou a utilizar um Tiggo 8 preto, sempre ao lado de um motorista. As idas a Trindade, para além da visita ao pai, seriam também para conversar pessoalmente com uma irmã, considerada “braço direito” dele. A família estaria se mudando das casas de luxo do condomínio para imóveis antigos.

A predileção por conversas presenciais, sem o uso de celulares, tornou-se realidade na vida do padre. Com a divulgação do escândalo e as suspeitas que recaem sobre ele, Robson de Oliveira teria desenvolvido certo temor e cautela ao utilizar aparelhos celulares.

Foi a partir do suposto conteúdo obtido por hackers em dispositivos eletrônicos que tudo começou, inclusive a suspeita do Ministério Público de Goiás (MPGO) de que havia uso irregular do dinheiro doado por fiéis à Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), criada por ele.

No período em que ele esteve hospedado na casa dos redentoristas, em Goiânia, cumpriu a rotina interna, seguindo as regras impostas por um decreto canônico. Chegou a participar de reuniões on-line dos missionários no início deste ano.

Aqueles que conviveram com ele ou o viram recentemente o descrevem como uma pessoa deprimida e pressionada pelos escândalos. Como as suspeitas possuem potencial de respingar em figuras importantes em Goiás, ele teria desenvolvido certo medo de ser visto ou de ter o paradeiro descoberto.

Regras impedem entrevistas e manifestações
Procurada pela reportagem, a Província de Goiás dos Redentoristas informou, apenas, que o decreto que o impede de se manifestar, dar entrevistas e participar de celebrações religiosas segue vigente. Robson de Oliveira continua sob as restrições ministeriais.

O Metrópoles perguntou, ainda, sobre onde ele estaria, mas não obteve resposta. O que se sabe é que, desde agosto de 2020, segue em silêncio. Nem pelas redes sociais é permitido que fale sobre qualquer assunto.

Além do decreto canônico dos redentoristas, existe ainda uma suspensão de ordem da Arquidiocese de Goiânia, datada de 23 de agosto de 2020, quando foi deflagrada a Operação Vendilhões, e que também segue vigente. No documento, o arcebispo de Goiânia, Dom Washington Cruz, revogou a atuação de padre Robson dentro do território da arquidiocese.

Ele foi afastado não só das funções na basílica de Trindade, mas também da direção da Afipe. Uma sindicância foi feita na Associação para identificar se houve ou não desvios de dinheiro. De imediato, como consequência das acusações contra o padre, ocorreu uma queda brusca das doações de fiéis. O montante mensal que girava em torno de R$ 20 milhões reduziu 80% de um mês para o outro.

Entre os redentoristas, todo o escândalo, as suspeitas e o comportamento de padre Robson acabaram criando um clima não muito amigável. Existe, hoje, entre os demais padres da província, uma certa oposição à figura dele, devido às “manchas” geradas na imagem da Igreja.

A Afipe conseguiu recuperar parte das doações perdidas, mas ainda não chegou ao que era antes. Criada para gerir o dinheiro doado pelos fiéis do Divino Pai Eterno, cuja festa anual reuniu mais de três milhões de pessoas nas edições anteriores à pandemia, a associação foi fundada também para realizar a obra do novo santuário de Trindade.

A construção foi iniciada em 2012, com orçamento inicial de R$ 100 milhões e previsão de término em 2022. Até março deste ano e, portanto, nove anos depois, apenas 17% do projeto estavam concluídos e o valor total da obra já havia subido para R$ 1,4 bilhão.

Metrópoles

 

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