PGR diz que Dallangol não fará falta ao MPF
Foto: Pedro de Oliveira
No entendimento de membros do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e da Procuradoria-Geral da República (PGR), Deltan Dallagnol poderá deixar a Procuradoria comprovando que, para ele, os fins justificam os meios. Conforme a lei, membros do MP que têm processo disciplinar pendente contra eles não podem se candidatar imediatamente. Segundo apurou a Coluna, na PGR e no CNMP a leitura é de que o ex-líder da Lava Jato precisará declinar do recurso ao STF contra punição recebida em 2019. Caso contrário, o processo continua vivo, em aberto. Ou seja, para seguir adiante e estar na urna, Dallagnol terá de aceitar a sanção de advertência e admitir a “culpa”.
Breve resumo de avaliação reservada feita no gabinete do PGR: Dallagnol não fará falta porque tem dificuldades em lidar com princípios como o da impessoalidade, da unidade institucional e do respeito ao devido processo legal.
Do outro lado da trincheira, há quem já enxergue Dallagnol como uma futura pedra no sapato de Augusto Aras: se for eleito senador, o ex-coordenador da Lava Jato tomará posse em janeiro de 2023, e o PGR só sairá do cargo em setembro do mesmo ano. Líquido e certo: a gestão Aras foi decisiva para a decisão de Dallagnol.
O presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), Ubiratan Cazetta, disse à Coluna se preocupar com a repercussão da decisão de Deltan Dallagnol de migrar para a política, como revelou o Estadão.
“Não é bom para o MP qualquer relação que possa parecer político-partidária. A Lava Jato caiu nesse campo na visão de seus críticos. A imagem foi reforçada quando Moro saiu da magistratura e entrou no Executivo e será reavivada agora com Deltan. É algo injusto”, afirma Cazetta.
Dallagnol recorreu ao Supremo para suspender a punição de advertência imposta pelo CNMP por críticas feitas à atuação de ministros da Corte em entrevista.
Políticos de esquerda usaram as redes sociais para acusar Dallagnol de atuar com motivação político-partidária na operação Lava Jato após o anúncio sobre deixar a procuradoria. Cazetta rebate: “Se Deltan Dallagnol tivesse atuação com essa motivação, teria saído candidato em 2018, quando a operação estava mais evidente”.
Ciro Gomes não comoveu tanta gente no PDT quanto gostaria com o anúncio da “suspensão” de sua candidatura a presidente. Alas do partido acham que a pré-campanha até agora é uma nau sem norte, sem rumo definido.
Carlos Lupi, presidente do PDT, tem deixado recado claro aos deputados que disseram “sim” à PEC dos Precatórios: no 2.º turno, só conta com voto pró-governo por parte de quem já está com um pé fora do partido.
“Qualquer pessoa alfabetizada viu que não critiquei o Brasil, mas não podemos fechar os olhos para a realidade”, após Bolsonaro criticar seu discurso na COP-26.
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