Aumenta preocupação dos brasileiros com a economia
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Após quase dois anos de um justificado pessimismo, as expectativas econômicas dos brasileiros voltaram ao nível pré-pandemia. Na última pesquisa do Datafolha, 46% dos entrevistados disseram esperar um aumento da inflação, e 35% responderam que o desemprego deve subir. É bem menos que os quase 80% da fase aguda da crise.
Esse alívio mexeu pouco no cenário político. Quem mais mudou de ideia sobre o futuro da economia foram os mais pobres: nesse grupo, o percentual de eleitores que diziam que a situação do país vai melhorar subiu de 27%, em setembro, para 43%. No mesmo período, a popularidade de Jair Bolsonaro nesse segmento continuou no chão (17%), e as intenções de voto caíram (de 20% para 16%).
A explicação está no retrovisor. Mesmo com o céu mais claro à frente, quase dois terços dos brasileiros dizem que a situação econômica do país piorou nos últimos meses. Na população de baixa renda, há uma percepção particularmente grave da crise: 54% deles dizem que sua própria situação piorou (entre os mais ricos, só 30% dizem o mesmo).
Os números indicam que o eleitor pode punir um governante pelo que ocorreu no passado, mas não premia ninguém por antecipação. Ainda que 2022 se apresente com perspectivas de melhora nas taxas de emprego e desaceleração na alta de preços, a reversão do quadro político dependerá da velocidade e da intensidade da retomada econômica.
Uma larga parcela da população atribui ao governo Bolsonaro pelo menos alguma responsabilidade pelos tropeços da economia. Esses dados compõem uma parte da rejeição de 60% que o presidente ostenta na virada para o ano eleitoral –que também é maior entre os mais pobres do que entre os mais ricos.
Se as condições econômicas melhorarem significativamente ainda no primeiro trimestre do ano que vem, Bolsonaro pode recuperar parte da popularidade antes do início oficial da campanha. Ainda assim, muitos eleitores chegarão às urnas em busca de um culpado pelos maus tempos.
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