Em quase todas as suas lives Bolsonaro ataca imprensa

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Foto: Reprodução

O presidente Jair Bolsonaro (PL) atacou a imprensa em 86% das lives realizadas em 2021 —ou seja, em 42 de 49 transmissões ao vivo feitas ao longo do ano. Levantamento produzido pela Lupa localizou ao menos 78 afirmações do presidente criticando veículos de comunicação.

Essas declarações desvalorizavam o trabalho de jornalistas e insinuam que as reportagens produzidas pela imprensa brasileira espalhariam mentiras – embora se tratem de informações verdadeiras publicadas em jornais do país. Bolsonaro também parabenizou os jornalistas no dia 1º de abril, data conhecida como o Dia da Mentira.

Dos 78 ataques à imprensa feitos pelo presidente, 49 citavam algum veículo específico. Os mais mencionados foram a Globo (26, incluindo a rede de televisão e o jornal O Globo), a Folha (17), e o Estado de S.Paulo (13).

Na live do dia 5 de agosto, o presidente falou que existe um ditado que diz que “se você não lê jornal, você não tem informação. Se você lê você está desinformado”. Na ocasião, ele segurava uma folha de papel com uma reportagem publicada pela Folha sobre uma declaração dada no dia anterior.

“Matéria da Folha, fake news, mentira. Alexandre de Moraes, investiga a Folha! ‘Bolsonaro diz que pode usar armas fora da Constituição’ [lendo a manchete da edição de 5 de agosto do jornal]”, afirmou. Contudo, a informação divulgada pela Folha não é falsa.

No dia anterior, ao comentar o inquérito das fake news, Bolsonaro disse o seguinte, em entrevista à rádio Jovem Pan: “Ele abre [o STF], apura e pune? Sem comentário. Está dentro das quatro linhas da Constituição? Não está, então o antídoto para isso também não é dentro das quatro linhas da Constituição”.

Disse também: “Olha, eu jogo dentro das quatro linhas da Constituição. E jogo, se preciso for, com as armas do outro lado”.

O presidente também acusou a imprensa de publicar “notícias mentirosas” que supostamente influenciariam negativamente a percepção do Brasil no exterior.

Uma dessas ocasiões ocorreu durante uma transmissão ao vivo em 19 de novembro. Bolsonaro criticou uma reportagem publicada pelo Estado de S. Paulo sobre o risco de a Amazônia passar de um ponto sem retorno por causa do desmatamento excessivo.

Participando da live junto com o pai, o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos) completou o ataque. Ele disse que a “grande imprensa do exterior” replica tudo o que a imprensa brasileira publica e acredita em uma “falsa ideia da realidade”. Dados oficiais do próprio governo mostram que o desmatamento aumentou nos três anos do governo Bolsonaro: de 7.536 km² em 2018 para 13.235 em 2021.

Bolsonaro atacou ainda a revista Veja após o veículo publicar uma reportagem de capa com críticas à possibilidade do uso do voto impresso nas eleições de 2022.

“Eu acho que a Veja quer exatamente o retrocesso, que é esse voto eletrônico que tá aí, pra poder voltar a mamar nas propagandas do governo”, disse.

Em 29 de julho, o presidente chegou a dedicar uma transmissão a divulgar uma teoria conspiratória, sem nenhum embasamento, sobre supostas manipulações nas urnas em 2014 e 2018.

Em algumas ocasiões, contudo, Bolsonaro elogiou veículos de comunicação simpáticos ao seu governo. Segundo o presidente, o programa Pingo nos Is, da Jovem Pan —que exibe suas transmissões ao vivo toda quinta-feira — reporta “a verdade, diferente da Globo”.

Em novembro, ele divulgou os números de audiência da Jovem Pan TV e disse que ela já “passou as suas concorrentes” — o que não é verdade — por causa de seu “trabalho e do compromisso com a verdade”.

Para o presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Marcelo Rech, ainda que críticas à imprensa sejam saudáveis, ameaças e ataques que incitam o ódio não são compatíveis com o papel de um presidente da República em um regime democrático.

Para ele, esses ataques servem para tentar neutralizar o trabalho de jornalistas, desacreditando eventuais denúncias feitas pelos jornais.

O presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Marcelo Träsel, comparou o governo Bolsonaro com o da Venezuela e o das Filipinas, onde populistas autoritários assumiram o poder.

“Considerando o ano eleitoral em 2022, as violações às liberdades de imprensa e de expressão devem se tornar cada vez mais graves e frequentes. No momento, ainda não há notícia de assassinatos ou tortura perpetrados por agentes do governo, como vem se passando na Nicarágua, por exemplo, mas já acompanhamos casos de agressão física, incêndio criminoso, ameaças, abuso de autoridade, perseguição judicial, entre outras violações. Em 20 anos de profissão, é a primeira vez que sinto medo”, afirmou Träsel.

Folha

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