Filhos de Bolsonaro usam desavenças antigas entre Lula e Alckmin
Foto: FAMÍLIA BOLSONARO
No momento em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (sem partido) ensaiam uma aliança na disputa pelo Palácio do Planalto, os filhos do presidente Jair Bolsonaro (PL) dão pistas sobre a estratégia governista para 2022. O vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos), filho “zero dois” do chefe do Executivo, resgatou – e publicou nas redes sociais – vídeo antigo de Alckmin com críticas a Lula, hoje franco favorito nas pesquisas de intenção de voto.
O vereador enviou para sua lista de transmissão no Telegram uma gravação de 2017 na qual Alckmin, em evento de pré-campanha, diz que os brasileiros “estão vacinados” contra o modelo lulopetista. “Vejam a audácia dessa turma. Depois de ter quebrado o Brasil, Lula diz que quer voltar ao poder, ou seja, quer voltar à cena do crime. Será que os petistas merecem uma nova oportunidade? Fiquem certos de uma coisa: nós os derrotaremos nas urnas”, disse o ex-governador, que se candidatou à presidência em 2018 pelo PSDB.
Flávio e Eduardo, filhos “zero um” e “zero três” do presidente, respectivamente, fazem publicações semelhantes em suas próprias redes. Flávio repostou o mesmo vídeo em suas redes e ironizou que, daquela forma, Alckmin seria “o vice dos sonhos de qualquer presidente”.
Em outra postagem, o senador do PL questionou o passado do ex-tucano como um “conservador de direita” e escreveu: “Essa turma acha que engana os brasileiros… Estão vendendo suas almas!! Deus me livre…”.
Eduardo trouxe outros personagens para criticar a aliança. Recuperando um tweet do deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ) em que ele questionava Alckmin sobre o escândalo de suposto sobrepreço das merendas escolares em 2016, Eduardo afirmou que o momento “serve de alerta para os cidadãos de bem”. O ex-governador e Freixo se encontraram e tiraram foto juntos na manhã de domingo, 19.
“A esquerda nunca se importou em matar alguns milhões para chegar ao poder. Não vai ser agora, tirando foto com quem no passado acusou de roubar merenda que surgirá algum pudor”, escreveu o deputado.
Eduardo também ironizou uma capa da revista IstoÉ de 2006 em que Alckmin é descrito como o “Anti-Lula”. “Bolsonaro é a única oposição a tudo isso aí, o verdadeiro anti-sistema”, escreveu.
O ex-governador foi filiado ao PSDB por 33 anos, mas deixou a sigla na semana passada após uma série de desentendimentos com o governador de São Paulo, João Doria, antes seu afilhado político.
O vídeo “ressuscitado” pelos filhos do chefe do Executivo também foi posteriormente publicado pelo ministro do Turismo, Gilson Machado (PSC), pré-candidato ao governo de Pernambuco com as bênçãos de Bolsonaro.
Carlos ainda compartilhou no Telegram a imagem do abraço entre Lula e Alckmin na noite de ontem, durante jantar do grupo de advogados Prerrogativas, com a legenda “Finalmente saíram do armário”.
O “zero dois” sempre foi um homem forte do governo e chegou a desfilar com o pai no Rolls Royce presidencial no dia da posse, em 2019. Carlos, no entanto, vem perdendo espaço no governo desde a aproximação de Bolsonaro com o Centrão. Na última quinta-feira, o vereador chegou a postar reclamações no Twitter.
“Gostaria de deixar bem claro que insisto há mais de um ano para mudanças de layout e outras maneiras para qualificar as apresentações do Presidente. Lamentavelmente, sozinho, perco todas”, postou Carlos.
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