PSDB e PDT debatem limite para ‘decolagem’ de Doria e Ciro

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Foto: Gabriele Doro/MyPhoto Press/Folhapress/Valter Campanato/Agência Brasil

Florescem conspirações neste final de primavera em Brasília. A eleição presidencial está longe, 300 dias à frente e ainda longe das prioridades do eleitorado, mas a ansiedade na bolha política fermentada nas pesquisas está levando partidos a precipitações atípicas para essa fase da temporada eleitoral.

Os casos do PSDB e do PDT são simbólicos. Nas noites de terça e quarta-feira, em lugares diferentes de Brasília, parlamentares desses partidos discutiram a conveniência de fixar prazo para a “decolagem” a dois dígitos da preferência eleitoral dos candidatos João Doria (PSDB) e Ciro Gomes (PDT). Isso já aconteceu no PL, depois da filiação de Jair Bolsonaro.

Março é a referência consensual, tanto para o grupo do PSDB que expôs aflições no jantar oferecido pelo deputado Paulo Abi-Ackel, quanto para a maioria do PDT que atravessou a noite debulhando tribulações na residência do deputado Mário Heringer. Por coincidência, os anfitriões são de Minas Gerais.

Os do PSDB demonstravam surpresa com o mapeamento de intenções de voto realizado pelo Ipec (ex-Ibope) nos cinco dias anteriores, em todo o país. Os resultados indicavam Doria em sexto lugar, empatado com 2% com o deputado André Janones, do Avante.

Doria governa São Paulo, maior colégio eleitoral que reúne 33 milhões de votos, e contava duas semanas da vitória (53,9%) nas prévias pela indicação como candidato do PSDB, que governou o país por oito anos, tem 33 deputados e seis senadores.

Janones é um advogado que militou no Partido dos Trabalhadores, ascendeu em Minas pelo Partido Social Cristão na greve dos caminhoneiros, durante a campanha de 2018, e se elegeu com 178,6 mil votos e agora coleciona meia dezena de milhões de seguidores nas redes sociais. É candidato do “único partido que tem a direção certa: Avante!” — diz o slogan.

No jantar de Abi-Ackel, quarta-feira, estava Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul derrotado (44,6%) por Doria nas prévias do PSDB. A conversa foi encaminhada pelo deputado Aécio Neves, ex-governador mineiro, e habitualmente descrito pelos aliados de Doria como o mais bolsonarista dos tucanos.

“Não vamos atrapalhar — repetia Aécio – “mas vai ser muito difícil para ele avançar”. Acabou induzindo ao consenso sobre um limite no calendário para Doria provar nas pesquisas o seu poder de competição: “Final de fevereiro, março, antes do prazo de desincompatibilização”.

O plano de Aécio é para o final do verão. Se até lá, Doria não crescer nas pesquisas, a cúpula do partido interviria, anunciaria que as prévias tiveram efeito meramente indicativo e mudaria o rumo do PSDB na eleição presidencial — sem candidato, com alianças liberadas nos Estados.

Seria na segunda quinzena de março, deixando aberta a porta para Doria se manter no governo paulista — por lei, candidatos-governadores têm até meia-noite da sexta-feira 2 de abril para deixarem seus cargos.

A certa altura da conversa, alguém lembrou que Doria surpreendeu em 2016 ao se eleger prefeito de São Paulo no primeiro turno (com 53,2%), coisa inédita na capital paulista. Dois anos depois, virou governador (51%) em disputa acirrada no segundo turno com Marcio França (PSB), ex-prefeito de Santos. Aécio insistiu: “É difícil, muito difícil”.

Na noite anterior, na casa do deputado Mario Heringer, parlamentares do PDT haviam partilhado uma noite de inquietudes com a estagnação do candidato Ciro Gomes — confirmado nas horas seguintes em pesquisas do Ipec e do Datafolha, onde aparece atrás, mas virtualmente empatado, do estreante Sergio Moro (Podemos).

Quase todos indicaram março como limite para o “teste” de competitividade de Ciro. Boa parte deixou claro que, sem “decolagem” do candidato nas pesquisas, vai propor aliança formal com Lula (PT), na projetada “Federação de Esquerda”, ou liberação total para alianças estaduais.

A situação ficou ainda mais crítica na bancada de 25 deputados nas horas seguintes, com a ofensiva policial em Fortaleza contra o candidato e o irmão Cid Gomes – um dos três senadores do PDT —, na esteira de um inquérito sobre corrupção em obras públicas. Ontem à noite, em Ribeirão Preto, Ciro descartou a possibilidade de desistir: “Não há chance.”

A raiz dos problemas de Ciro e Doria com seus partidos é, basicamente, a mesma dos enfrentados por Bolsonaro com o PL, onde também se estabeleceu março como limite para comprovação da viabilidade eleitoral.

Trata-se da prioridade à eleição da bancada parlamentar, fundamental à sobrevivência das organizações a partir de 2023. Em todos os partidos a luta, hoje, é pelo privilégio dos candidatos a deputado na distribuição das verbas de campanha, porque o tamanho da bancada na Câmara será decisivo ao acesso a fundos públicos.

O verão promete fortes emoções para candidatos como os do PSDB, do PDT e do PL.

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