Moro não consegue fechar alianças nos Estados

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Foto: Adriano Vizoni/Folhapress

O presidenciável Sergio Moro (Podemos), ex-juiz da Lava Jato e ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PL), tem enfrentado dificuldades para firmar palanques em 7 dos 8 estados com os maiores colégios eleitorais do país.

Moro anunciou sua candidatura em novembro, quando diferentes alianças regionais já estavam estabelecidas.

Líderes do Podemos nos estados, especialmente no Nordeste, têm demonstrado resistência à sua figura e ameaçam deixar o partido.

A instabilidade na formação de alianças tem ocorrido até mesmo no Paraná, seu domicílio eleitoral, de onde despachou os processos da Lava Jato.

O Paraná tem hoje duas principais candidaturas —a do governador Ratinho Júnior (PSD) e a do ex-governador Roberto Requião, que ainda procura uma legenda e deve oferecer palanque para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Aliado de Bolsonaro, Ratinho conta com um grande arco de partidos na base do governo e tem tentado conciliar o apoio ao presidente e a Moro. Ao mesmo tempo, o PSD de Gilberto Kassab também tem sido cortejado pelos petistas.

Importante líder no estado, o senador Alvaro Dias visa a própria reeleição e negocia a participação do Podemos na aliança do governador em troca da vaga para o Senado na chapa.

Nada indica, porém, que Bolsonaro aceitará dividir o palanque com Moro ou que o PL abrirá mão da vaga ao Senado.

Na última semana, o nome do deputado bolsonarista Filipe Barros (PSL) passou a circular como pré-candidato ao Governo do Paraná para garantir um palanque exclusivo a Bolsonaro.

O anúncio pode ter como objetivo pressionar Ratinho a escolher seu lado, deixando Moro sob risco de não contar com palanque forte no estado.

Em entrevista ao blog do jornalista Esmael Morais, o parlamentar afirmou que foi procurado por Bolsonaro e por coordenadores de sua campanha, que teriam o consultado sobre a hipótese de concorrer ao governo estadual.

“Temos um governo que quer servir não a dois deuses, mas a três, como diria o ditado popular. [Ratinho] quer ter palanque para o Moro, para Lula (…) e para o Bolsonaro. Ou seja, quer estar em todos os palanques. Isso na política não existe”, disse.

A insistência de Alvaro Dias em firmar aliança com Ratinho gerou conflitos dentro do próprio Podemos. Defensor de candidatura própria no estado em apoio a Moro, o ex-deputado César Silvestri deixou o comando estadual da legenda na última semana.

“Eu não me submeti a ser usado como simples moeda de troca ou instrumento de pressão. Tenho disposição de construir uma candidatura séria”, afirma.

Silvestri se filiou ao PSDB, partido pelo qual disputará o governo paranaense. Ele diz que a legenda o convidou a construir uma candidatura alinhada ao projeto nacional da legenda, que tem como presidenciável o governador João Doria.

Segundo maior colégio eleitoral do país, Minas Gerais também tem seus dois principais candidatos com palanques ainda indefinidos.

O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), tem sido cortejado pelos petistas enquanto aguarda os movimentos do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, aventado como candidato do partido ao Planalto.

Eleito na esteira bolsonarista em 2018, o governador Romeu Zema (Novo) ensaiou um afastamento do presidente no último ano, mas ainda não manifestou apoio a candidatos, com exceção do cientista político Felipe d’Ávila, do próprio partido.

Zema, porém, recebeu Moro em Belo Horizonte em novembro para discutir alianças eleitorais. Ao mesmo tempo, o vice-governador, Paulo Brant, é do PSDB, que também tem candidato ao Planalto.

Presidente do Novo, Eduardo Ribeiro diz à Folha que não existe a possibilidade de palanque duplo enquanto o partido seguir com a candidatura de d’Ávila.

Ele afirma, porém, que entre o Podemos e o Novo há “bastante convergência em vários pontos” e que não haverá aliança com partidos da base de Bolsonaro.

“Somos oposição ao Bolsonaro (…) Temos conversas com todos os atores da terceira via e é natural que surjam propostas de todos os lados. O momento agora é de apresentar os candidatos e, lá na frente, escolher qual será a candidatura a liderar”, diz.

Na Bahia, onde o Podemos participa há cinco anos do governo petista, o presidente da sigla, deputado federal João Carlos Bacelar, diz que a aliança será mantida e lança dúvidas sobre a solidez da candidatura de Moro à Presidência.

Segundo ele, o ex-juiz sofre resistência na base do partido, muito alinhado às bandeiras do governo de Rui Costa. Para o deputado, que há sete anos compõe a base da administração estadual, é impossível apoiar Moro no estado.

Irmão do secretário estadual de Turismo, Maurício Bacelar, o presidente do Podemos está sendo encorajado por aliados a deixar o partido e manter o apoio ao governo petista caso Moro siga com a candidatura.

“Antes de mais nada, é preciso saber se Moro será candidato. Ele vai mudar de partido? A candidatura de Moro nem foi discutida regionalmente”, diz.

No estado, a disputa está polarizada entre a candidatura do ex-prefeito de Salvador e presidente do DEM, ACM Neto, e a do ex-governador e senador petista, Jaques Wagner.

Interessado em atrair o eleitor de Lula, Neto tem evitado a nacionalização da campanha na Bahia, onde o ex-presidente costuma vencer com folga a votação. Sua chapa deverá contar com um candidato ao Senado afinado com o petista.

Neto dificilmente estimulará a filiação de Moro ao União Brasil, sigla que nascerá da fusão do DEM com o PSL.

No Rio de Janeiro, o palanque de Moro também é claudicante. O Podemos não terá candidato a governador e engrossará o palanque de Bolsonaro.

O Podemos integra a base do governador Cláudio Castro, afilhado político de Bolsonaro. O presidente estadual do Podemos, Patrique Welber, ocupa desde setembro a secretaria de Trabalho e Renda e diz que seu compromisso é com o governador.

“Minha missão é a reeleição de Castro e a eleição de dois deputados. Não estou muito preocupado com a eleição de presidente”, diz.

O Rio Grande do Sul é outro estado onde o Podemos dificilmente terá candidato próprio –é o que afirma o presidente estadual, Everton Gomez Bras.

Ele diz que a legenda está focada na eleição proporcional, com as nominatas completas para a Câmara dos Deputados e a Assembleia Legislativa, e que há uma candidatura majoritária na figura do senador Lasier Martins, que tentará a reeleição.

O partido tem buscado uma aliança com o PSDB de Eduardo Leite, que, como mostrou a Folha, ainda discute se abrirá mão da cabeça de chapa em favor do MDB. Braz afirma que o Podemos defenderá um palanque duplo para Moro e Doria.

O ex-juiz e Leite chegaram a se reunir em dezembro, depois que o segundo foi derrotado pelo governador paulista nas prévias tucanas.

Presidente do PSDB no RS, o deputado federal Lucas Redecker diz que a legenda tem uma relação de proximidade com o Podemos, mas que é muito cedo para falar sobre alianças.

“Com certeza tanto Moro quanto Doria e outros candidatos à Presidência vão sentar para conversar e fazer uma composição para tentar unificar a terceira via”, afirma.

Em Pernambuco, o palanque de Moro sofre rachas. Na terra natal de Lula, o Podemos não lançará candidato ao governo e articula uma aliança com o PL, de Bolsonaro, e com o PSDB, de Doria.

Três prefeitos são cotados para encabeçar a oposição ao PSB –nenhum do Podemos. Está quase certo o apoio do partido de Moro à candidatura do prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, pelo União Brasil.

Os outros dois possíveis candidatos são Raquel Lyra (PSDB) e Anderson Ferreira (PL). Não está, porém, totalmente descartada uma aliança desses partidos em torno de uma única candidatura.

Um dos articuladores políticos do Podemos, o deputado estadual Wanderson Florêncio diz que a meta da sigla é garantir cinco cadeiras na Assembleia Legislativa de Pernambuco, em uma composição já alinhavada antes da filiação de Moro.

“Toda essa articulação já existia antes de surgir o nome de Moro”, argumenta.

No Ceará, o Podemos apoiará a eleição do deputado federal Capitão Wagner (PROS), que foi o candidato de Bolsonaro à Prefeitura de Fortaleza em 2020. Bolsonaro pediu publicamente votos para ele durante a sucessão municipal.

Capitão Wagner deverá concorrer ao governo estadual pelo União Brasil, em aliança com o Podemos, de Moro, e o PL, de Bolsonaro.

Folha  

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