Olavo e as girafas no JN

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Foto: Vivi Zanatta/Folhapress/Reprodução

Nenhum jornal impresso ou online deu a morte de Olavo de Carvalho em manchete no alto da primeira página. Deram-no na primeira página, certo, mas em muito menos espaço que reservariam à morte de um cantor sertanejo ou baterista australiano de rock. O Jornal Nacional foi ainda mais discreto —ignorou-o nas chamadas de abertura do programa e, em vez disso, destacou a morte em Mangaratiba (RJ) de três girafas trazidas da África para o zoológico do Rio. Olavo de Carvalho só apareceu no jornal propriamente dito por 1min15. As pobres girafas mereceram 4min44.

Perfeito. Também acho a morte de uma girafa mais importante que a de Olavo de Carvalho. As girafas, assim como os lêmures e os gnus, não discutem o óbvio. Sabem que a Terra é redonda, e olhe que nunca saíram dela e a espiaram lá de cima. Submetem-se à vacinação se necessário e não dão cursos de negacionismo por correspondência para zebras ingênuas. Além disso, raras girafas fumam cinco maços de cigarros por dia.

Sei da importância das girafas desde meus primeiros dias em jornal. “Foca” do Correio da Manhã em 1967, disseram-me que os garotos como eu eram condenados a cobrir buraco de rua e atropelamento de cachorro até se provarem capazes de tarefas mais complexas. Devo ter sido logo promovido a essa categoria porque, dias depois, o chefe de reportagem me mandou apurar o nascimento de uma girafa no zôo. Girafas quase nunca procriavam em cativeiro e, quando isso acontecia, era um acontecimento. Pois lá fui eu, e nunca mais voltei ao cachorro atropelado.

Olavo de Carvalho, que morreu nos EUA, foi enterrado às pressas nesta quarta-feira (26), lá mesmo, perto da cidadezinha onde morava, na Virginia. Fizeram muito bem. Imagine se Jair Bolsonaro o trouxesse para enterrá-lo aqui, com honras de Estado.

Seria uma profanação dos cemitérios brasileiros, onde estão tantos que ele e Bolsonaro ajudaram a matar.

Folha  

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