Variante que matou maioria dos brasileiros some do país

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Foto: Alex Pazuello/Semcom

Em janeiro de 2021, o Amazonas viveu um colapso hospitalar sem comparação à primeira onda de covid-19, no ano anterior. A responsável pelo adoecimento em massa foi a variante gama (antiga P.1), mais transmissível e patogênica que as demais linhagens que circulavam até então.

A partir dali, a variante se espalhou pelo país e foi responsável pela maior parte das infecções na segunda onda de covid-19 —que matou 280 mil pessoas entre janeiro e maio do ano passado. Um ano depois, a cepa sumiu das amostras genômicas do Brasil, dando espaço agora às variantes delta e ômicron.

A conclusão é baseada no banco de dados da Rede Genômica, coordenada pela Fiocruz. Até ontem, foram colhidas e analisadas 94.188 amostras do SARS-CoV-2 (ou 417 por cada 100 mil casos).

No Amazonas, onde surgiu, a última vez que a variante apareceu em amostras sequenciadas foi em 16 de novembro de 2021. No país, as últimas três amostras de gama foram sequenciadas no início do mês de dezembro —todas do estado de São Paulo.

Segundo o virologista da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) Amazônia Felipe Naveca, coordenador do estudo que descobriu a variante em janeiro de 2021, estamos acompanhando a extinção da gama— para ele, já esperado.

“O processo de evolução de um vírus é algo natural, e consequência das mutações que ele acumula ao longo do tempo —desde que esteja infectando hospedeiros. No caso do SARS-CoV-2, esse processo já levou ao surgimento de cinco VOCs [variantes de preocupação]”, explica.

As VOCs citadas são cepas mais agressivas ou transmissíveis e são classificadas assim pela OMS (Organização Mundial de Saúde) desde que apresentem um ou mais de três pontos:

Aumento da transmissibilidade ou alteração prejudicial na epidemiologia da covid-19;
Aumento da virulência ou mudança na apresentação clínica da doença;
Diminuição da eficácia das medidas sociais e de saúde pública ou diagnósticos, vacinas e terapias disponíveis.
As cinco VOCs identificadas até aqui são:

Alpha (Identificada no Reino Unido)
Beta (África do Sul)
Gama (Brasil)
Delta (Índia)
Ômicron (África do Sul)

São variantes que apresentaram mutações importantes no genoma, mas principalmente porque mudaram o cenário epidemiológico por onde passaram, com forte aumento de casos. Durante esse processo evolutivo é comum que uma linhagem viral substitua outra, seja porque a nova é mais transmissível, seja porque consegue – de alguma forma – ser mais resistente à neutralização pelos anticorpos prévios.” Felipe Naveca, Fiocruz Amazônia

A variante gama surgiu e começou a se disseminar (ainda de forma silenciosa) em novembro de 2020. O ‘boom’ de casos, porém, só foi percebido quando as unidades de saúde de Manaus começaram a receber centenas de pacientes ao mesmo tempo, em janeiro de 2021, o que gerou colapso hospitalar e até falta de oxigênio para pacientes internados.

Por conta da disseminação rápida em todo o país, a variante gama teria então cumprido sua missão ao causar o máximo de infecções e deu lugar a outras duas outras VOCs: a delta e, mais recentemente, a ômicron.

“Vimos ainda em outubro a variante delta superar a gama no Amazonas em frequência, e provavelmente nas próximas semanas —senão nos próximos dias— a ômicron vai superar a delta. Ou seja, esse cenário de substituição deve ficar acontecendo até o final da pandemia, uma vez que estamos dando muita chance de o vírus continuar evoluindo com a enorme quantidade de novos casos diários”, pontua Naveca.

Durante o período em que circulou e predominou no país, a variante gerou linhagens que proliferaram e também tiveram a chamada transmissão sustentada em alguns locais. A linhagem P.1.* chegou a ser responsável por 16% dos casos de covid-19 sequenciados no país em abril, por exemplo.

Como muitos estados do Brasil sequenciam poucos genomas, Naveca diz que não é possível cravar que não exista mais nenhuma transmissão da variante gama, mas ressalta que nenhum grande centro hoje registra casos em série da cepa, segundo as amostras. “A tendência natural é a sua extinção”, completa.

De fevereiro a julho do ano passado, a variante gama foi predominante das amostras colhidas e sequenciadas no país —chegando a alcançar mais de 95% de prevalência em maio e junho. Antes dela, o país teve uma variação de outras cepas.

Segundo a Fiocruz, no começo da pandemia, ainda em março de 2020, a maioria das infecções ocorria pela linhagem B.1.1.28, com 31% das amostras analisadas.

Um mês depois, ela perdeu o topo para a B.1.1.33 — linhagem que teria uma pequena evolução em relação à de final .28. Até setembro de 2020, elas duas foram se revezando na liderança e dividindo o protagonismo.

Foi quando surgiu a P.2 (descoberta originariamente no Rio de Janeiro em agosto). A partir dali, ela foi ganhando corpo até que, em dezembro, tomou a ponta como a variante que mais infectava no país: 41% do total de amostras naquele mês.

Mas tudo iria mudar com a chegada da variante gama, que acumula um poder de infecção duas vezes maior e potencial de escape imunológico.

Em julho, perdeu espaço para a variante delta, que superou a gama e foi responsável por 98% dos casos do país em novembro. Agora em dezembro, a variante ômicron responde por 22% das amostras já sequenciadas de dezembro, mas a delta ainda é dominante.

Entretanto, como esse dado ainda tem atraso em relação à data das amostras colhidas e analisadas, a ômicron já seria hoje a variante que predomina no país, segundo dados da plataforma Our World in Data.

Uol  

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