Conheça o premiê fascista da Hungria que Bolsonaro visita hoje

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Foto: REUTERS/Bernadett Szabo

O presidente Jair Bolsonaro (PL) desembarcou hoje em Budapeste, na Hungria, para um encontro com o primeiro-ministro Viktor Orbán, considerado um dos principais expoentes da ultradireita na Europa. Ambos os governantes demonstram proximidade na agenda ideológica — Orbán é considerado uma inspiração para o conservadorismo no mundo —, embora o húngaro tenha avançado mais no Parlamento em algumas pautas, como a proibição do casamento gay e o cerceamento à liberdade de imprensa.

Orbán foi um dos poucos líderes europeus presentes na posse do mandatário brasileiro em 2019. No mesmo ano, o primeiro-ministro se encontrou com o deputado Eduardo Bolsonaro (União Brasil – RJ), quando este presidia a comissão de Relações Exteriores da Câmara.

O premiê húngaro começou a se destacar no campo da ultradireita décadas antes de chegar ao poder. Em um discurso feito em 1989, ele fez críticas duras ao comunismo e à então União Soviética, que mantinha tropas no país. “Se nos armarmos com os instrumentos necessários, poderemos pôr fim à ditadura comunista e assegurarmos a retirada imediata das tropas soviéticas”.

Sob o comando de Orbán, a Hungria deu uma guinada autoritária. Quando Orbán assumiu o poder em 2010, ele já havia exercido um mandato como primeiro-ministro, entre os anos de 1998 e 2002. Seu primeiro mandato foi marcado por uma reforma administrativa radical, com orientação centralizadora. Um dos principais elementos desse período foi o início de uma guerra cultural contra os valores liberais da Europa – uma bandeira que mais tarde seria novamente empunhada pelo premiê. Ao retomar o governo, em 2010, Orbán voltou às raízes e intensificou seus esforços para transformar o país.

A primeira grande virada foi em 2011, quando o Fidesz, partido de Orbán, nomeou novos juízes, alterou regras e aumentou o tamanho do Tribunal Constitucional, tornando-o um órgão leal ao governo. Mas Orbán não alocou aliados apenas no poder público. A mídia húngara, anteriormente nas mãos de investidores estrangeiros, principalmente europeus, também foi capturada pelo premiê húngaro.

Ao contrário de outros países que sofreram com guinadas autoritárias, a transformação promovida por Orbán não foi marcada pela prisão dissidentes. Utilizando métodos mais insidiosos, o premiê focou na captura de instituições críticas ao seu governo, colocando aliados no comando delas.

O premiê tem posicionamento contrário à imigração. Em outubro de 2017, ele discursou no Conselho Internacional sobre Perseguição Cristã, em Budapeste. Na ocasião, afirmou que “um grupo de líderes intelectuais e políticos europeus deseja criar uma sociedade mista na Europa que, dentro de poucas gerações, transformará completamente a composição cultural e étnica do continente”. Políticas contra imigrantes têm forte apelo na sociedade húngara e são uma importante frente da gestão Orbán.

Em dezembro de 2020, o Parlamento aprovou uma lei que impede casais do mesmo sexo de adotarem crianças. Uma emenda constitucional também aprovada prevê que a “mãe é uma mulher e o pai é um homem”. O casamento gay foi proibido no país após uma emenda constitucional proposta em novembro do ano passado para estabelecer o casamento como uma instituição exclusiva entre homem e mulher.

Assim como Bolsonaro, Orbán perdeu apoio devido ao modo como enfrentou a pandemia. Uma investigação de três institutos de pesquisa húngaros divulgada em dezembro de 2020 mostrou que a pandemia e a crise econômica enfraqueceram o governo. Em média, naquela ocasião, 34% dos eleitores apoiavam a oposição, enquanto 31% continuavam fiéis ao primeiro-ministro.

De acordo com a agenda oficial de Bolsonaro, ele se encontra às 12 horas com Orbán (horário local) para assinatura de atos internacionais ainda não divulgados à imprensa. Antes, às 10 horas de Budapeste, a reunião é com o presidente da Hungria, János Áder. O chefe do Executivo encerra a agenda na Hungria após um encontro com o presidente da Assembleia Nacional do país, László Köver, e volta ao Brasil ainda hoje.

Estadão  

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