Eleitorado brasileiro tem mais idosos que jovens
Foto: Leo Pinheiro/Valor
O atual envelhecimento populacional do país, um aspecto da nova demografia brasileira, terá impacto no perfil do eleitorado esse ano, segundo o demógrafo José Eustáquio Diniz Alves. Como a idade mediana da população está se elevando, notou ele, a parcela de idosos no eleitorado também aumenta, em detrimento do eleitorado jovem. Ex-professor da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o especialista observou que isso deve ajudar a parcela de idosos acima de 60 anos, dentro do eleitorado, a superar a de jovens nas eleições de 2022.
Segundo o especialista, desde o fim da década de 90 é possível perceber diminuição da parcela com idade até 20 anos, no total da população brasileira. “Na população brasileira, o contingente que cresce hoje [em parcela no total] é o de idosos. A população com menos de 50 anos está diminuindo no país e a que cresce é a que tem acima de 50 anos” comentou ele. Isso, na prática, acaba afetando também o número de jovens eleitores, em números absolutos. “Tem menos adolescente votando também porque tem menos adolescentes no Brasil”, resumiu.
Projeções citadas pelo demógrafo, com base em dados no sistema de informações do IBGE sobre o tema, indicam que, em 2022, a população brasileira deve totalizar em torno de 214.828.540. Nas últimas eleições presidenciais, em 2018, o contingente populacional era de 208.494.900. Adolescentes de 16 anos e de 17 anos, de acordo com estimativas veiculadas por Diniz, devem alcançar 6.131.971 ao término do ano – sendo que, na última eleição presidencial, em 2018, essas duas faixas etárias somavam 6.489.062. Ou seja: na prática, o volume de adolescentes que poderia votar caiu 5,5% entre 2018 e 2022. “E muitos adolescentes morreram durante a pandemia [iniciada em 2020]” acrescentou ele.
O demógrafo já havia analisado, no passado, o impacto do envelhecimento da população em algumas eleições nas últimas décadas. Em artigo sobre o tema, o especialista calculou que, em 1992, os jovens de 16 a 24 anos eram 23,8% do eleitorado e os idosos de 60 anos e mais representavam 10,5%. Nas eleições de 2010, essa proporção era de 18,2% para jovens e 15,3% para idosos naquelas faixas etárias. Mas, no início de 2018, houve uma inversão e a fatia de idosos passou a girar em torno de 18,6% do eleitorado, enquanto que a de jovens de 16 a 24 anos ficou em 15,3%.