Estudos mostram que até 70% dos jovens votarão contra Bolsonaro

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Foto: EVARISTO SA / AFP

Especialistas ouvidos pelo Valor dividem-se quando questionados sobre para onde vai o voto adolescente nas eleições presidenciais desse ano. Enquanto alguns comentam ser imprevisível tendo em vista o “fator pandemia”, e desconhecimento de como vai afetar a mente do jovem na participação política, outros apostam em voto majoritariamente de oposição. Mas há os que conseguem visualizar perfil bem diversificado no voto adolescente, que vai desde o evangélico até o engajado.

Carlos Melo, cientista político, mestre e doutor pela PUC-SP, acha que o contexto atual é muito diferente do observado nas eleições presidenciais de 2018, e com fatores novos, sendo o principal a pandemia.

No entendimento do especialista, o avanço da covid-19 e mudanças no ambiente econômico desde 2018 tornam o voto do jovem, hoje, mais imprevisível do que na eleição passada.

Já o coordenador da área de Educação do Centro de Estudos de Administração Pública e Governo da Fundação Getulio Vargas (FGVceapg), Fernando Luiz Abrucio, diz que pesquisas mais recentes de intenção de voto para presidente apontam rejeição ao atual governo “de mais de 60%” e “em alguns lugares de 70%” entre os eleitores na faixa de 18 a 24 anos. Para ele, o eleitorado jovem é um dos grupos que mais rejeita possível reeleição e o segmento adolescente faz parte deste contingente.

O cientista político, com mestrado e doutorado pela USP, e professor adjunto de gestão pública da FGV-Eaesp Cláudio Gonçalves Couto concorda com um perfil de voto adolescente mais de oposição, nesse ano, para presidente. “Esse eleitorado mais jovem tende a ser contrário ao atual governo”, resumiu.

Já Antônio Teixeira de Barros, doutor em sociologia e pesquisador do Instituto Nacional de Desenvolvimento em Ciência e Tecnologia em Democracia Digital, afirma que, embora seja difícil fazer classificação exata do eleitorado adolescente, é possível já destacar alguns perfis. Adolescentes tradicionais, que tendem a seguir familiares na decisão de voto, seriam mais conservadores e de direita.

Há adolescentes de famílias com engajamento em movimentos sociais, que também tendem a seguir votos de família, principalmente de esquerda. Também existem adolescentes religiosos, lembrou ele, especialmente evangélicos, com escolhas políticas influenciadas por igrejas. E adolescentes entusiasmados com política, menos vinculados às tradições familiares e religiosas e que seguem as próprias opiniões.

Valor Econômico