Estilo de vida masculino favorece vírus da covid

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Foto: Oli Scarff/AFP

Pesquisadores concordam que os homens morrem mais de Covid-19 do que as mulheres, mas não sabem explicar ao certo o porquê. Um novo estudo do GenderSci Lab, laboratório de pesquisa dedicado a gerar conceitos, métodos e teorias feministas para pesquisas científicas sobre sexo e gênero, da Universidade Harvard, porém, sugere que o motivo tem menos a ver com diferenças biológicas entre os sexos e mais com uma série de fatores sociais e comportamentais.

A análise, publicada essa semana na revista Social Science and Medicine, evidenciou que, embora as taxas de mortalidade mais altas estejam entre os homens, são mais relacionadas a momentos de surtos, políticas estaduais de saúde, comportamentos de saúde associados ao gênero, raça, nível de renda e ocupação. “No geral, os resultados mostram uma heterogeneidade significativa (ou variação) na disparidade de sexo entre os estados e ao longo do tempo”, disse Sarah Richardson, fundadora e diretora do GenderSci Lab. “O significado disso é que as diferenças entre os sexos nos resultados da Covid-19 não são estáveis ​​em todos os locais ou consistentes ao longo do tempo, e sim são sensíveis ao contexto”, explica.

Durante o levantamento, os pesquisadores descobriram que em alguns estados os homens estavam sendo infectados e morriam mais do que as mulheres, enquanto em outros estados as taxas eram quase iguais. Em certos momentos, as mulheres ultrapassaram os homens em casos e mortes. No Texas, por exemplo, os homens apresentaram taxas de mortalidade mais altas durante a pandemia, enquanto em Connecticut as mulheres tiveram índices mais elevados por 22 semanas. Em Nova York, durante as primeiras seis semanas da pandemia, os homens morreram mais, algo que, em seguida, se estabilizou.

Os cientistas também relataram que as taxas de mortalidade nos Estados Unidos entre homens e mulheres foram separadas por uma diferença menor do que se pensava. No início da pandemia, acreditavam que o dobro dos homens estava morrendo de Covid-19. Desde então, alguns pesquisadores começaram a atribuir essas taxas mais altas a fatores relacionados ao sexo biológico, como hormônios específicos ou a resposta imune. “A ideia aqui é atender aos reais fatores que estão causando essa maior vulnerabilidade nos homens. Se tivéssemos atentado mais a esses fatores, os homens poderiam ter sido mais protegidos durante a pandemia”, afirmou Sarah.

Dados levantados pelo rastreador do laboratório de Harvard sugerem que os homens norte americanos tiveram uma taxa de mortalidade 10 a 20% maior do que das mulheres, de abril de 2020 a maio de 2021, uma proporção de cerca de 1,14 para 1, diferente da proporção de 2 para 1, frequentemente citada na literatura científica. “Nosso estudo, usando dados dos EUA, encontrou uma taxa de mortalidade ligeiramente mais elevada para os homens, embora muito mais moderada do que frequentemente afirmam”, atestou Sarah, que também é professora nos departamentos de História da Ciência e de Estudos da Mulher, Gênero e Sexualidade.

O estudo, que analisou 30 milhões de casos, é o primeiro olhar longitudinal que quantifica a variação nos casos de Covid-19 e a mortalidade por sexo entre os estados e ao longo do tempo. As descobertas foram baseadas em 55 semanas de dados públicos disponíveis, de abril a maio de 2020 em todos os estados, além de dois territórios pertencentes aos EUA.

No relatório, a equipe de pesquisa também utilizou estatísticas e descobriu que 30% das variações se resumem a questões dos estados, que podem incluir diferenças nas políticas de saúde pública, tempo e duração do uso de máscaras, fechamentos de negócios e outros fatores sociais, como comportamentos de saúde de gênero, exposições ocupacionais, condições pré-existentes de saúde e dados demográficos, incluindo raça, idade, nível educacional e endereço. O modelo também sugeriu que 10% da diferença é atribuída ao momento em que a medição foi feita, seja durante as primeiras ondas de Covid-19 ou depois. Os 60% restantes da variação não são explicados pelo tempo ou estado.

Os pesquisadores acreditam que essas descobertas indicam que as diferenças biológicas entre os sexos por si só não podem explicar as variações nos resultados. “Sem considerar os fatores sociais e contextuais, você está perdendo parte do quadro do porquê as pessoas podem estar expostas ou não a desenvolver um caso mais grave da doença”, disse Tamara Rushovich, estudante de pós-graduação da Escola de Saúde Pública TH Chan e parte da equipe de pesquisa do GenderSci Lab. “Por exemplo, quando você vê números que mostram diferentes taxas de casos ou mortes, não é apenas biologia, mas sim o risco de exposição. E isso é influenciado por muitas coisas como ocupação ou renda”.

Há também fatores como comportamentos de gênero, acrescentou Tamara: “Houve estudos que analisaram, por exemplo, a adesão a políticas das máscara e de distanciamento social. E os homens são menos propensos a seguir essas diretrizes. Isso nada tem a ver com a biologia”. No artigo, os pesquisadores apontaram ainda para pesquisas anteriores que mostraram que muitas dessas questões sociais levaram a taxas de mortalidade bem mais altas para os homens americanos, mesmo antes da pandemia da Covid-19. “A ideia aqui é atender aos fatores reais que estão causando essa maior vulnerabilidade nos homens”, finalizou Sarah.

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