Filho de ex-vice de Lula faz FIESP deixar de ser bolsonarista

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Foto: Werther Santana/Estadão Conteúdo

No primeiro encontro com jornalistas após assumir o cargo de presidente da Federação das Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes da Silva, dono da Coteminas, fez críticas ao governo Bolsonaro, embora tenha dito que vai dialogar com qualquer liderança política democraticamente eleita. Ele condenou os ataques às instituições e sugeriu que seria importante mudar a postura em um eventual segundo mandato.

“Provavelmente a nota histórica [sobre Bolsonaro] vai ser a de um governo que produziu muitos ataques às instituições, às vacinas, à Anvisa, à urna eletrônica, à imprensa. Quem sabe, se ele ganhar um segundo mandato, tenha a chance de passar para a história com uma outra imagem. Se o povo do Brasil o escolher, não há problema. Torço para que faça diferente, se ele se reeleger”, disse Josué.

Filho do ex-vice-presidente José Alencar, que governou o país com Luiz Inácio Lula da Silva de 2002 a 2010, Josué afirmou que não tem relação próxima com o petista e não declarou preferência por nenhum candidato, prometendo que a Fiesp terá um comportamento apartidário durante sua gestão de quatro anos. Disse ainda que não pretende se reeleger ao comando da entidade e que, por ele, os mandatos na Fiesp seriam até mais curtos.

“Não sou candidato nem à reeleição na Fiesp, nem a um cargo público nesses próximos quatro anos”, afirmou. “Eu não tenho posição política, minha posição política é a indústria.”

Em 2014, Josué disputou, sem sucesso, o Senado por Minas Gerais filiado ao MDB e na chapa de Fernando Pimentel (PT) para governador. Em 2018 chegou a se filiar ao PL, mas não se candidatou a cargo eletivo. O PL na ocasião apoiou a candidatura presidencial de Geraldo Alckmin, que estava no PSDB.

Durante a gestão anterior de Paulo Skaf, que esteve à frente da entidade de 2004 ao fim de 2021, a Fiesp participou ativamente dos protestos que culminaram no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Além disso, embora a relação entre Skaf e Bolsonaro tenha sido instável nos últimos anos, o presidente da República prestigiou o ex-presidente da Fiesp no último grande evento, no ano passado. Skaf disputou três vezes o governo paulista. Em 2018, estava no MDB e apoiou Bolsonaro na reta final das eleições, mas ficou em terceiro lugar.

Questionado diretamente sobre sua relação com Lula, Josué comentou que não é uma relação próxima como muitos imaginam. Segundo o novo presidente da Fiesp, ele se manteve focado nos negócios da família e não participava ativamente da vida política do pai quando José Alencar era vice do ex-presidente e atual candidato a voltar ao Palácio do Planalto.

Senador depois de ter sido presidente da Federação da Indústria de Minas Gerais (Fiemg), José Alencar (1930-2011), o pai de Josué, não só foi vice de Lula em seus dois mandatos como também ministro da Defesa.

Sobre temores de parte do empresariado com Lula, Josué defendeu que o povo é soberano e que é preciso respeitar o vencedor das eleições. “Não existe isso de riscos para o país seja de governo A ou B. Acho que o presidente do Banco Central disse o óbvio”, comentou em referência à declaração recente de Roberto Campos Neto de que os receios do mercado financeiro com o petista se atenuaram. “O empresário não tem que ter medo de quem vai ganhar a eleição. É preciso confiar na capacidade de escolha do povo brasileiro. O país não vai acabar, vai continuar. As instituições no Brasil são fortes, mesmo que estejam sob ataque”, disse.

Josué defendeu que o governo deve ter a participação necessária na economia, contrariando correntes de pensamento que defendem que o Estado participe o menos possível da condução econômica. “Nem mínimo e nem máximo. Tem que ser o Estado necessário”, disse. “O fim é o homem. A economia é o meio”, acrescentou. Segundo Josué a política industrial “não é fechamento de mercado ou subsídio. Mas sim um direcionamento do Estado para as políticas que fazem sentido, com um estado planejador”.

Josué criticou a carga tributária sobre a indústria no Brasil e opinou que as alíquotas atuais de impostos têm contribuído para o processo de desindustrialização do país. Ele disse que a Fiesp continuará liderando apelos para diminuição de impostos e trabalhará na elaboração de uma proposta de reforma tributária que alcance consenso entre os empresários. “Não adianta ser tecnicamente perfeita se não aprovar nunca”, disse. “O próprio setor empresarial atrapalha a reforma tributária”, adicionou.

“A gente não pode diminuir a carga tributária da indústria, aumentando a de outro segmento”, diz. “O caminho é reduzir a alíquota, para promover um aumento da arrecadação. Temos que convencer a Faria Lima de que isso é possível.”

De acordo com o empresário, a economista Vanessa Rahal Canado foi contratada como consultora para ajudar a estruturar um consenso de reforma tributária entre os empresários. Vanessa Canado atualmente está colaborando para a campanha de João Doria, pré-candidato a presidente pelo PSDB.

Valor Econômico  

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