Lula intensifica campanha para ter Alckmin como vice
Foto: Werther Santana/Estadão Conteúdo e Gabriela Biló/Estadão
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta segunda-feira, 31, um arco de alianças que “ultrapasse as fronteiras” do PT nas eleições de outubro. Líder nas pesquisas de intenção de voto para o Palácio do Planalto, Lula está à procura de parcerias de centro para sua pré-candidatura e tenta diminuir resistências ao plano de ter o ex-governador Geraldo Alckmin (sem partido) como vice na chapa.
Alckmin negocia a filiação ao PSB, mas a sigla ainda não conseguiu fechar acordo com o PT para a formação dos palanques estaduais. Diante das dificuldades, Lula age para que o ex-tucano entre no PSD do ex-prefeito Gilberto Kassab. Ele tem, ainda, convite para se filiar ao Solidariedade e ao PV.
“Eu tenho de ser o candidato de um movimento que ultrapasse as fronteiras do PT, de um movimento que quer redemocratizar o país de verdade”, disse o ex-presidente ao participar por videoconferência do seminário “Resistência, Travessia e Esperança”, promovido pelo PT e pela Fundação Perseu Abramo.
Durante o seminário, Lula afirmou que o PT precisa trabalhar para aumentar as bancadas na Câmara e no Senado, a partir de 2023. Historicamente, um presidente eleito nunca conseguiu ter maioria apenas com o partido que o elegeu.
O petista criticou, ainda, o orçamento secreto praticado no governo Bolsonaro com a entrega de emendas parlamentares aos aliados. “Nunca vimos, desde a Proclamação da República, um presidente tão subserviente, tão submisso aos partidos que lhe sustentam. Nem o Orçamento da União ele faz. Quem faz é a Comissão de Orçamento da Câmara, e o relator tem um poder maior que o ministro da Economia porque decide o que vai ser gasto pelo Executivo e qual é a quantia que vai ser gasta pelo Congresso Nacional”, disse Lula. “Criaram o orçamento secreto que é tão secreto que não podemos nem saber o nome de quem recebe uma emenda. Não pode ser coisa boa porque, se fosse, não seria secreto.”
A política do toma lá, dá, cá, no entanto, também ocorreu em governos do PT. Em 2005, por exemplo, durante o primeiro mandato de Lula, estourou o escândalo do mensalão.
No momento em que o PT diverge sobre o papel que a ex-presidente Dilma Rousseff vai desempenhar na campanha deste ano, líderes do partido fizeram questão de elogiá-la durante o seminário desta segunda-feira, 31.
A exemplo de Lula, a presidente que sofreu impeachment em 2016 defendeu empenho dos correligionários para a eleição de uma ampla bancada de deputados e senadores. Dilma disse que predomina hoje no Congresso um “clientelismo fisiológico” e não poupou críticas ao governo Bolsonaro.
Para o secretário-geral do PT, deputado Paulo Teixeira (SP), a ex-presidente foi muito “agregadora” em sua manifestação. “Ela retomou questões fundamentais, como, por exemplo, o preço dos combustíveis e o programa Bolsa Família”, disse Teixeira. O PT é contrário à atual política de preços da Petrobras, atrelada à variação do dólar e do valor do petróleo no mercado internacional. No governo Dilma, houve controle de preços de gasolina, diesel e gás, uma política que, de acordo com economistas de renome, produziu prejuízos bilionários à Petrobras.
A participação de Dilma no seminário e os elogios dirigidos a ela ocorrem no momento em que Lula tenta se descolar da imagem de que a ex-presidente integrará eventual governo petista. Na última sexta-feira, 28, por exemplo, Lula disse que Dilma não tinha “jogo de cintura” nem a “paciência que a política exige”. Antes, ele já havia afirmado que, se for eleito, não pretende remontar governos passados. “O tempo passou e tem muita gente nova no pedaço”, destacou.
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