Ruralistas temem que guerra na Europa interrompa negócios com a Rússia

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Foto: Sergei Karpukhin-30.jul.2013/Reuters

Lideranças da bancada ruralista relatam temor de que o conflito na Ucrânia impacte a importação de fertilizantes da Rússia, principal fornecedora do Brasil.

A preocupação incide especialmente sobre o cloreto de potássio. Em 2021, o país gastou mais de US$ 1,3 bilhão na compra do produto.

“É o principal insumo para a nossa produção, que já está em falta. Já está absurdo de caro. Estava em US$ 320 e hoje já passou de US$ 850 a tonelada. Vai ter impacto direto no custo de produção. É um desastre”, afirma Neri Geller (PP-MT), ex-ministro da Agricultura.

O cloreto de potássio subiu 153% no ano passado.

Viagem da ministra Tereza Cristina (Agricultura) ao Irã na semana passada teve como objetivo a ampliação da oferta de fertilizantes para o Brasil. O Brasil importa 95% do cloreto de potássio que consome.

Geller diz que o impacto de possível escassez de fertilizantes sobre a produção atinge plantações de todos os tipos, como algodão, milho soja, café, já que “todas dependem de potássio e de fósforo”, segundo ele. A própria pecuária pode ser afetada, já que o gado se alimenta de gramíneas plantadas com fertilizantes.

“O Brasil é dependente, assim como o mundo todo. Isso vai refletir em mais inflação”, diz Sérgio Souza, presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária.

“A Rússia é o grande player de fertilizantes do mundo. A Austrália também é dependente, países da África, da América, o mundo todo. É algo que nos preocupa. O Brasil aprendeu a fazer agricultura tropical, tem solos muito pobres e precisa colocar alimento para a planta, senão ela não produz. E o potássio é o mineral mais utilizado para ter produtividade”, completa Souza.

Alceu Moreira (MDB-RS), deputado e ex-presidente da FPA, diz que hoje não há alternativas fora da Rússia para suprir a demanda brasileira por cloreto de potássio.

“São produtos necessários para alcançarmos nosso nível de produtividade. Se plantar sem esses nutrientes em volume importante, vai acabar produzindo muito menos. Teremos escala de produtividade muito pequena. O custo de produção é muito elevado, então o solo tem que ter o máximo possível de produtividade. Se você gasta e não produz as quantidades desejadas, você reduz a renda ou inviabiliza a lavoura”, diz Moreira.

Folha