União Brasil se prepara para pular fora de Moro

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Foto: Pedro Ladeira/Folhapress

Dirigentes da União Brasil começaram a discutir com o MDB a formação de uma aliança para as eleições deste ano. As conversas incluem a criação de uma federação envolvendo as duas siglas e uma possível chapa para a corrida presidencial.

Em processo de formação a partir da fusão entre PSL e DEM, a União Brasil tem uma reunião marcada nesta quinta-feira (3), em São Paulo, para definir os caminhos que o partido deve tomar na campanha.

A legenda é alvo de cobiça por parte de Sergio Moro (Podemos), mas há resistência de vários integrantes da cúpula do partido –incluindo o futuro secretário-geral, ACM Neto (DEM), e o vice-presidente Antônio Rueda (PSL).

A negociação em torno de uma aliança com o MDB indica um movimento da futura legenda em busca de caminhos alternativos, para afastá-la da candidatura do ex-juiz da Lava Jato.

Em conversas preliminares entre dirigentes da União Brasil e do MDB nas últimas semanas, foi apresentada a proposta de uma aliança nacional, com a construção de candidaturas conjuntas em diversos estados.

Foi posta na mesa a possibilidade de uma federação, formato inédito que determina a união de legendas por quatro anos –incluindo a participação conjunta em todas as disputas eleitorais desse período.

Uma ala da União Brasil fez um aceno inicial que envolveria também o apoio do partido à candidatura de Simone Tebet à Presidência em outubro.

Essa aliança interessa ao grupo do MDB que busca um reforço para a senadora na corrida ao Palácio do Planalto. A parlamentar é alvo de assédio de siglas que gostariam que ela concorresse ao cargo de vice-presidente –é o caso do PSDB, por exemplo, que tem o governador João Doria como pré-candidato.

Nesse cenário, a União Brasil poderia indicar o candidato a vice na chapa de Tebet. O futuro presidente da legenda, Luciano Bivar (PSL), trabalha para ocupar esse posto.

O presidente do MDB, Baleia Rossi (SP), confirmou à Folha que há negociações em curso. “Eu tenho tudo conversas constantes com União Brasil para uma parceria nacional que possa fortalecer os dois partidos.”

Essas articulações para a corrida presidencial ainda estão em fase preliminar.

De todo modo, os dois lados já manifestaram interesse numa aliança que envolva o apoio conjunto a uma candidatura ao Planalto. A federação poderia, portanto, negociar com outro candidato à Presidência, caso o nome de Tebet não seja considerado viável.

Antes dessa definição, o avanço das negociações depende de um alinhamento dos planos de cada partido nas eleições estaduais. Nos próximos dias, os dirigentes vão traçar um mapa de candidaturas a governador e senador pelo país para avaliar as possíveis composições nesses palanques.

O modelo da federação determina que cada um desses grupos só pode lançar um candidato a cada um desses cargos nos estados –o que significa que, em locais onde há palanques duplos, um dos lados precisaria abandonar a corrida.

Segundo líderes do MDB, os dois partidos têm poucos problemas em palanques regionais e, os que existem podem ser resolvidos com facilidade.

Por outro lado, as siglas já fecharam alianças em estados considerados importantes. Em Goiás, por exemplo, o MDB deverá indicar o vice do governador Ronaldo Caiado (DEM-GO), que concorrerá à reeleição.

No Rio Grande do Sul, a União apoiará o nome que o MDB decidir lançar ao governo. No Pará, por exemplo, a construção também é para que a União Brasil apoie a candidatura à reeleição do governador, Helder Barbalho (MDB-PA).

Já no Ceará a expectativa é que o deputado Capitão Wagner (PROS-CE) se filie à União Brasil para disputar o governo e tenha como candidata a vice a mulher do ex-senador Eunício Oliveira (MDB-CE), Monica Paes de Andrade.

Dirigentes das duas legendas acreditam que a formação desse grupo vai aumentar seu poder de negociação com o próximo presidente da República, seja quem for. A ideia é formar um bloco de centro com uma bancada robusta de deputados, que atue em conjunto na Câmara a partir de 2023.

O MDB também discute a formação de uma federação com o PSDB. Na quarta-feira (2), o presidente tucano, Bruno Araújo, anunciou o início dessas conversas –que uniriam as candidaturas de Tebet e do governador paulista João Doria (PSDB). A negociação foi divulgada primeiramente pela ​GloboNews.

Já as negociações do MDB com a União Brasil correm paralelas a essa articulação. Uma federação envolvendo as três siglas é considerada improvável, ao menos por enquanto.

As conversas do MDB com os tucanos foram vistas com ceticismo porque o partido é fragmentado nacionalmente, e muitos quadros da sigla não teriam interesse num alinhamento com a candidatura de Doria.

No caso da União Brasil, haveria uma margem mais ampla de negociações, além de um objetivo comum: fortalecer as duas legendas nos estados e nas eleições legislativas.

Dirigentes do MDB dizem estar mais simpáticos à possibilidade de federação ou aliança com a União Brasil. Uma das razões seria a chance de impulsionar a candidatura de Simone Tebet.

Pesquisas internas encomendadas pelos emedebistas têm demonstrado potencial de crescimento da senadora.

Nos bastidores dessas discussões, Luciano Bivar também se movimenta para emplacar sua própria candidatura à Presidência. A federação com o MDB, segundo seus aliados, fortaleceria esse projeto.

A ideia, no entanto, é vista com irritação por outros dirigentes da União Brasil. Eles consideram que uma candidatura de Bivar seria fadada ao fracasso e fragilizaria a imagem da nova legenda.

Dirigentes da União Brasil esperam obter o registro oficial do novo partido no Tribunal Superior Eleitoral na próxima terça-feira (9). O ministro Edson Fachin, relator do caso, liberou o processo para julgamento em plenário na semana passada.

Folha  

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