Agência Internacional diz que usina ucraniana bombardeada resistiu

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Foto: Reprodução

O complexo onde fica localizada a usina nuclear de Zaporizhzhia, na Ucrânia, foi atingido por projéteis disparados por forças russas na manhã da última sexta-feira (4). A planta é a maior do tipo em toda a Europa e foi incendiada logo depois da ofensiva.

Apesar dos temores industriais, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) disse, pouco depois do ataque, que os reatores da usina estavam seguros e que nenhum material radioativo havia sido liberado.

O porta-voz da usina, Andrii Tuz, afirmou que a central não sofreu nenhum dano crítico e destacou que apenas um dos seis reatores estava operando. Ele declarou também que pelo menos uma unidade geradora de energia foi atingida.

As condições das unidades de energia e os requisitos de segurança de operação estão sendo monitorados, segundo a Energoatom, empresa estatal que administra as quatro usinas nucleares da Ucrânia.

O pesquisador em ciência e tecnologia do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN/CNEN-SP), Luís Antônio Albiac, esclareceu que a usina de Zaporizhzhia é integrada por seis reatores nucleares. Cada um deles produz 3.000 megawatts térmicos, a partir dos quais são obtidos 950 megawatts elétricos. Segundo Albiac, eles têm características diferentes de Chernobyl, também na Ucrânia, que foi palco de um grande desastre em 1986.

“São reatores diferentes do tipo de Chernobyl. Todos os seis são reatores refrigerados a água pressurizada, enquanto os quatro reatores de Chernobyl eram refrigerados a água fervente e moderados a grafite. Era outro tipo de reator”, explica.

“A ideia é que nunca um reator permita vazamento ao meio ambiente, caso contrário as consequências são muito graves, porque muitos desses radionuclídeos têm meia vida. E alguns deles têm grande facilidade de se integrar ao meio ambiente e a sistemas biológicos”, explica o pesquisador.

Na opinião de Jeffrey Lewis, diretor do Programa de Não Proliferação do Leste Asiático no Centro James Martin para Estudos de Não Proliferação, o maior temor é de que o calor gerado pelo fogo possa romper a estrutura de contenção do reator.

James Acton, codiretor do Programa de Política Nuclear do Carnegie Endowment for International Peace, disse que a maior preocupação é saber se o incêndio interrompeu os sistemas de resfriamento do reator. Se eles não puderem se resfriar, o combustível interno pode superaquecer e derreter.

“Tenho certeza de que o reator foi desligado. Mas o combustível dentro dele ainda é radioativo e ainda precisa ser resfriado. Você deve manter o reator frio enquanto o combustível estiver dentro. O reator deve ser mantido continuamente frio”, acrescentou.

Se o resfriamento parar, um colapso pode acontecer em algumas horas ou dias, dependendo da radioatividade do reator, diz o especialista.

CNN Brasil