Aliados criticam ida de Moro à Alemanha

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Foto: Reprodução

A viagem de Sergio Moro (Podemos) à Alemanha, em meio à janela partidária, incomodou aliados do ex-juiz que trabalham para filiar pré-candidatos e montar palanques nos estados.

Entusiastas da candidatura de Moro à Presidência defendem que ele deveria estar no Brasil durante o período de negociações eleitorais. Além da falta de palanques em estados estratégicos, como o próprio Paraná, seu estado de origem, São Paulo e Minas Gerais, maiores colégios eleitorais do país, o Podemos recentemente sofreu baixas e viu a bancada na Câmara diminuir.

— É uma viagem inadequada — afirmou o deputado José Nelto (Podemos), que é defensor da candidatura do ex-juiz e um dos que tentaram articular o apoio do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), à campanha de Moro. — Estou 24 horas filiando pré-candidatos a deputado federal e estadual. Essa é a missão de todo presidenciável.

Pessoas próximas à direção da sigla disseram, sob a condição de anonimato, que a agenda gerou um mal-estar dentro da própria campanha. Além do momento inoportuno, há quem considere a viagem pouco relevante para a disputa presidencial, pois não inclui conversas com nenhum mandatário. “Ele deveria estar percorrendo o Brasil”, disse um aliado, que preferiu não se identificar.

Outra pessoa de dentro da campanha afirmou que o ex-juiz poderia neste momento estar participando de conversas com MDB, PSDB e União Brasil, que articulam a escolha de uma candidatura única para concorrer ao Planalto. Além de Moro, estão na viagem o seu coordenador de campanha e amigo, Luis Felipe Cunha, e o deputado estadual e pré-candidato ao Senado pelo Podemos em São Paulo, Heni Ozi Cukier.

Até agora, o ex-ministro participou de um jantar com empresários e políticos locais, oferecido pelo Conselho de Economia Internacional da Alemanha e pelo Business Club Hamburg BHC, e fez uma visita ao Centro de Inteligência Artificial (Aric).

A programação, com duração prevista de cinco dias, inclui encontro com a Confederação Nacional da Indústria, ida a uma empresa de transporte e logística marítimos e conversas com ex-ministros de Angela Merkel e do atual governo, chefiado por Olaf Scholz. Em uma das agendas, recebeu uma camisa de um time alemão de futebol com o número 12 às costas — nas redes sociais, usuários fizeram ironias lembrando que esta é a identificação na urna do PDT, partido de outro presidenciável, Ciro Gomes.

Em nota, o Podemos disse que as filiações são conduzidas pelas direções estaduais e pela nacional. “Se a coordenação da pré-campanha presidencial considerou relevante a agenda internacional, tem total apoio do partido”, afirmou o partido. Procurado, Moro não quis se pronunciar.

Auxiliares do ex-juiz da Lava-Jato têm defendido que o giro internacional é um “contraponto” ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao presidente Jair Bolsonaro, que fizeram viagens ao exterior nos últimos meses. O petista esteve com o presidente francês, Emmanuel Macron, e o próprio Olaf Scholz, entre outros nomes. Bolsonaro, por sua vez, se encontrou com o presidente da Rússia, Vladimir Putin.

Segundo Heni Ozi, o propósito da viagem é ter conversas e levar propostas de Moro para lideranças políticas, comerciais e para a sociedade, além de entender os desafios para a posição internacional do Brasil.

O Globo