Bolsonaristas-raiz se dizem abandonados por Bolsonaro

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Foto: Reprodução/Redes sociais

Bolsonaristas não vão assumir publicamente, mas estão fulos com Jair Bolsonaro. E não é a primeira vez.

Com a janela partidária — período em que deputados podem trocar de partido sem punição — ainda aberta, o presidente da República e seu novo chefe, Valdemar Costa Neto, presidente do PL, têm dado uma rasteira atrás da outra naqueles parlamentares que mais defendem Bolsonaro.

Os exemplos abundam, sobretudo entre os integrantes da ala bolsonarista do extinto PSL.

No Distrito Federal, a deputada Bia Kicis, fiel escudeira do presidente, queria tentar o Senado, mas o Planalto já decidiu apoiar a pré-candidatura de Flávia Arruda (PL), atual ministra da Secretaria de Governo.

No Paraná, a deputada bolsonarista Aline Sleutjes também sonhava com o Senado, mas Bolsonaro vai apostar em Giacobo (PL).

O deputado José Medeiros, recém-filiado ao PL e já escanteado por Bolsonaro na eleição suplementar para o Senado em 2020, no Mato Grosso, foi de novo preterido: o presidente avalizou a tentativa de reeleição de Wellington Fagundes (PL).

No Rio de Janeiro, o presidente não pensou muito para autorizar o PL a avançar com o projeto de reeleição do senador Romário, em detrimento do desejo de aliados como Daniel Silveira e Hélio Lopes em igualmente disputarem o Senado.

Em Rondônia, Coronel Chrisóstomo corre o risco de não conseguir espaço no PL. No Pará, o bolsonarista Éder Mauro, que trocou o PSD pelo PL, muito provavelmente também não será prestigiado pelo Planalto. Em Tocantins, o deputado Vicentinho Júnior, cabo eleitoral de Bolsonaro em 2018, é outro que poderá ficar abandonado.

Tudo isso sem contar com Ricardo Salles, ex-ministro do Meio Ambiente, que dificilmente terá apoio para disputar uma vaga ao Senado por São Paulo. Damares Alves, ministra da ala considerada ideológica, tem confidenciado aos mais próximos que não vai concorrer em outubro porque, entre outros motivos, teme não receber incentivo suficiente. Magno Malta quer voltar para Brasília, mas no entorno dele há quem tenha a certeza de que, mais uma vez, o ex-senador acabará chutado por Bolsonaro.

“Tem uma esteira de corpos pelo caminho. Aos poucos, todos vão descobrindo que o presidente não se identifica com bolsonarista. Bolsonaro não gosta de política e não sabe fazer política. Então, quem dá as cartas são os ‘mestres’ dele”, disse um bolsonarista a O Antagonista. Ele pede para não ser identificado porque ainda nutre alguma esperança de que Bolsonaro possa apoiá-lo.

“Mas a verdade é que está todo mundo do grupo perplexo. O presidente não tem gratidão nem empatia. Bolsonaro faz política na base do ‘fulano é gente boa, mas é fraco de votos’. Aí usa alguma pesquisa fajuta para sustentar isso e pronto”, acrescentou o parlamentar.

Nos bastidores, bolsonaristas reclamam ainda da postura dos filhos do presidente Eduardo e Flávio.

“Eles não servem para nada. É praticamente impossível falar com eles. Quando se consegue, eles falam correndo e dizem ‘ah, não sei, isso aí é com o Jair’”, disse um deputado, também em reservado.

Queixando-se dos privilégios que não bolsonaristas recebem do Planalto, o parlamentar sentenciou: “O pulo do gato no governo Bolsonaro é ser contra o governo”.

O Antagonista