Bolsonaro demitiu presidente da Petrobras por “se comunicar mal”

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Foto: Alan Santos/PR

A troca no comando da Petrobras se deu porque o presidente Jair Bolsonaro e auxiliares próximos chegaram à conclusão de que a empresa estava se comunicando mal e que isso respingava na imagem do governo, em especial quando o assunto era alta dos combustíveis.

Apesar de ter escolhido o general Joaquim Silva e Luna há pouco mais de um ano para comandar a estatal, Bolsonaro foi convencido por aliados que a atuação da empresa havia virado um problema para a tentativa de reeleição.

Logo após o último reajuste nos combustíveis, no início de março, Bolsonaro bateu o martelo: precisava trocar o comando da empresa.

A assessores próximos, se disse traído por não saber que o reajuste te viria (as regras de governança da empresa não permitem que haja antecipação da decisão a qualquer pessoa).

O governo foi muito criticado com a reação negativa do reajuste de quase 25% para o diesel e 18% para a gasolina, mesmo a empresa tendo segurado por quase 60 dias um reajuste.

A equipe de Bolsonaro chegou ao nome de Adriano Pires, economista indicado pelo governo para presidir a Petrobras pela proximidade com Bolsonaro.

Nos últimos meses, Pires se tornou figura frequente em reuniões para discutir crises no setor energético. Isso aconteceu, primeiro, na crise energética.

Nome próximo dos ministros Bento Albuquerque (Minas e Energia) e Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional), Pires também se aproximou de Ciro Nogueira (Casa Civil).

Foi, então, chamado para ajudar na crise dos preços dos combustíveis, ainda no final de 2021. E aí passou a ter interlocução com o presidente Jair Bolsonaro.

Quando decidiu convidar Pires, Bolsonaro o chamou para uma conversa. Ouviu do economista posições já conhecidas, construídas ao longo de 30 anos no setor:

não é a favor de mudança na política de preços e do fim da paridade internacional;
acredita que o setor precisa ter mais concorrência;
avalia que crises precisam ter a mão do governo com um plano emergencial de subsídios para a população;
defendeu o fundo de estabilização, parado na Câmara dos Deputados;
disse que o gás de cozinha precisa ser o principal foco de políticas públicas.
Bolsonaro concordou e disse que precisava de alguém que explicasse melhor o papel da empresa para o Congresso e a sociedade.

Colocou ainda uma condição: queria linha direta, sem intermediários, com o futuro presidente da Petrobras.

Quem sai perdendo com a mudança é o ministro da Economia, Paulo Guedes.

Depois de ter um escolhido seu na Petrobras no início do governo (Roberto Castelo Branco) e alguém com quem tinha boa interlocucao (Joaquim Silva e Luna), Guedes verá um crítico seu assumir a empresa. Adriano era um dos principais defensores de um subsídio governamental, bloqueado pela equipe econômica.

G1