Crise dos fertilizantes é desastrosa para Bolsonaro
Nesta sexta-feira, 4, o governo russo recomendou aos produtores de fertilizantes que suspendam as exportações do produto devido às sanções realizadas pelos Estados Unidos e por países aliados à Rússia. O anúncio caiu como uma bomba ao presidente Jair Bolsonaro, que há cerca de duas semanas, às vésperas da eclosão da invasão da Ucrânia pela Rússia, se arriscou diplomaticamente para se encontrar pessoalmente com o presidente Vladimir Putin tendo como principal item da pauta, justamente, garantir o fornecimento de fertilizantes ao Brasil.
Garantir a importação do produto é um assunto muito sensível ao Brasil, tendo em vista que a produção bem sucedida no campo é altamente dependente dos fertilizantes russos. Quase 85% do produto consumido no Brasil são importados e um quarto disso vem da Rússia. Ainda não está claro como a suspensão afetará o Brasil e se haverá brechas nessa recomendação de Putin. Mesmo que o Brasil fique de fora, as suspensões de carregamento marítimo e de pagamento abalam a chegada dos suprimentos.
Em novembro a ministra da Agricultura, Teresa Cristina, fora à Rússia para garantir o acordo comercial em um momento em que diversos países estavam racionando as exportações para garantir o suprimento interno.
Caso as empresas russas sigam a recomendação de Putin, o preço de grãos, hortaliças e frutas nos supermercados brasileiros refletirá essa suspensão a partir do ano que vem. “A oferta de fertilizantes muito caros, somada com uma renda muito menor no campo este ano e ao aumento de custo devido à escassez de matéria prima criam um horizonte plúmbeo para o ano que vem, em pastagem, cultura de cana de açúcar, café, laranja, tudo”, diz Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura.
Em live realizada na quinta-feira, 3, a ministra Teresa Cristina já havia afirmado que o suprimento de fertilizantes pela Rússia não seria possível durante o conflito geopolítico. “Temos suspensão desse comércio porque não temos como pagar esses produtos, nem navios para carregar. Enquanto houver guerra, é totalmente descartada a possibilidade de receber fertilizantes”, disse ela.
O ministério da Agricultura está tentando garantir o suprimento por meio de acordos comerciais com outros países, entre eles o Canadá, o Irã e a Arábia Saudita. Além disso, o Brasil se prepara para lançar o Plano Nacional de Fertilizantes, que visa aumentar a produção interna e diminuir a dependência internacional, porém analistas afirmam que os seus frutos só poderão ser colhidos em aproximadamente 10 anos.
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