Damares oficializa desistência do Senado
A ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, avisou o presidente Jair Bolsonaro (PL) de que desistiu de ser candidata ao Senado pelo Amapá. Evangélica, Damares enfrenta forte oposição do senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que é candidato à reeleição e não quer vê-la como oponente.
Desde que Alcolumbre segurou por mais de quatro meses, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a sabatina do ex-ministro André Mendonça para ocupar uma vaga no Supremo Tribunal Federal, os evangélicos prometeram dar o troco na eleição no Amapá. O nome de Mendonça foi aprovado pelo Senado, em novembro, para a cadeira de ministro do Supremo, mas a atuação de Alcolumbre como presidente da CCJ nunca foi esquecida.
Agora, Damares tem enfrentado dificuldades até mesmo para encontrar um partido que a acolha. Nem o PL de Bolsonaro deixou as portas abertas para a ministra: o presidente do diretório estadual da legenda, Vinícius Gurgel, é aliado de Alcolumbre e, de acordo com aliados da ministra, tem criado empecilhos para a filiação.
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, não recebeu até hoje pedido expresso de Bolsonaro para ordenar a recepção de Damares no partido. Para sair candidata, a ministra precisa deixar a pasta e se filiar a uma sigla até 2 de abril.
Uma opção seria Damares sair candidata pelo PRTB, mas ela resiste à ideia em razão dos poucos recursos e do pouco tempo de TV do partido. A ministra também comunicou sua decisão de não entrar no páreo a colegas de Esplanada, durante festa-surpresa de aniversário de Bolsonaro, nesta segunda-feira, 21, no Palácio do Planalto.
Pelos cálculos do presidente, de oito a nove ministros devem deixar os cargos para disputar as eleições de outubro. Nesta lista está o general Braga Netto, cotado para vice na chapa de Bolsonaro. A ideia é que todos saiam do governo no próximo dia 31.
Bolsonaro quer construir uma bancada forte no Senado –onde o governo não tem maioria – para eventual segundo mandato. Ele escalou Damares para concorrer no Amapá justamente com o objetivo de enfrentar Alcolumbre. O senador irritou o governo ao segurar a sabatina de Mendonça, nome que à época foi classificado por Bolsonaro como “terrivelmente evangélico”.
Alcolumbre, no entanto, tem mostrado força política em suas articulações no Estado para barrar a ministra bolsonarista na disputa. No Planalto, o comentário é o de que quem achou que o senador estava morto, errou. O Estadão/Broadcast apurou que Bolsonaro ainda tentará reverter a decisão de Damares.
Estadão