Guerra pode fazer inflação explodir no Brasil

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Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

Incerteza. Essa é a palavra que define o cenário financeiro para o país. O brasileiro deve preparar o bolso para os efeitos da guerra na Ucrânia. A perspectiva é que combustíveis, alimentos, bens e serviços fiquem mais caros.

A situação no Brasil já não era confortável antes dos tanques e mísseis russos mudarem o panorama mundial. A tendência é piorar.

O principal efeito por aqui será o aumento na inflação. Antes do início da guerra, o mercado projetava aumento de 5,8% nos preços. Agora, a estimativa passou para 6,2%. Parece pouco, mas faz diferença.

A pedido do Metrópoles, o coordenador do núcleo de preços ao consumidor do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), André Braz, analisou os efeitos econômicos para o país e como isso mexerá com o nosso dinheiro.

“O conflito mexe com o mercado. O preço do barril do petróleo ficou acima dos 100 dólares. Não existe oscilação. Está acima desse patamar. Uma situação que só vai piorar mesmo que a guerra termine. Os embargos vão continuar contra a Rússia. Isso desmobiliza a cadeia do petróleo, fertilizantes, adubos, gasolina e resina que atende vários segmentos da indústria. Isso cria um gargalo grande. E o aumento de preços vai muito além do tempo do conflito”, explica.

A pandemia de Covid-19, doença causada pelo coronavírus, já havia fragilizado a economia. “O conflito e o impacto econômico ocorrem num período que a gente já se recuperava dos gargalos provocados pela Covid-19. A gente mal descansou de um evento e vem outro tão grave quanto”, detalha.

André Braz é categórico: a guerra terá efeito nos preços e na inflação. “Nosso dinheiro perde valor. Não dá para especular [a desvalorização]. A moeda já perdeu valor frente ao dólar. É um cenário pior do que a gente já tinha”, acrescenta.

O economista explica como o impacto é sentido em toda a economia. Segundo ele, não só os produtos comprados e vendidos pela Rússia terão alta. Gasolina, carne, pão, entre outros, sofrerão reajuste.

“Vira uma bola de neve, um preço puxa o outro. É uma situação grave. A gravidade dos embargos impostos à Rússia reflete no país e no mundo”, conclui.

Tropas russas invadiram o território ucraniano em 24 de fevereiro. A Rússia e a Ucrânia vivem um embate por causa da possível adesão ucraniana à Otan, entidade militar liderada pelos Estados Unidos.

Na prática, Moscou vê essa possível adesão como uma ameaça à sua segurança. Os laços entre Rússia, Belarus e Ucrânia existiam desde antes da criação da União Soviética (1922-1991).

O recrudescimento dos ataques, com mísseis, atentados contra usinas nucleares e bombardeios contra civis, fez a comunidade internacional impor sanções econômicas contra a Rússia.

Bancos do país comandado pelo presidente Vladimir Putin foram excluídos do sistema bancário global. Além disso, marcas e empresas suspenderam operações no país. O Banco Central e oligarcas russos, que são multimilionários, não podem realizar transações na Europa e nos Estados Unidos.

Além disso, a Rússia sofre pressão político-diplomática. Entidades como a União Europeia e a Organização das Nações Unidas (ONU) condenaram a invasão.

Metrópoles