Haddad diz que esvaziar o Centrão será bom para qualquer presidente

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Foto: GloboNews

O ex-prefeito e ex-ministro Fernando Haddad (PT) disse, em entrevista ao programa “Em Foco” na GloboNews, que é “mais fácil para qualquer presidente governar” quanto menor for a força do Centrão.

“Quanto menos força tiver o Centrão, mais fácil vai ser para qualquer presidente democrata governar. Para o Bolsonaro, está fácil, ele está comprando voto no Congresso. Mas, para um presidente que quer o mínimo de estabilidade democrática – e a gente quer se livrar desse tipo de prática – é a gente escolher bem deputado e senador”, defendeu Haddad, em entrevista à GloboNews.

O Centrão, hoje na base de apoio de Jair Bolsonaro, participou de todos os governos democráticos dos últimos anos, de Fernando Henrique Cardoso, passando por Lula, Dilma Rousseff, Temer e, hoje, Bolsonaro.

Para Haddad, a diferença, agora, é que será a primeira vez que o Centrão terá candidato à Presidência da República, já que o PL é um dos principais partidos do bloco, e, na votação de outubro, o eleitor poderá fazer a escolha de diminuir a força do grupo, que também é o fiel da balança nas votações do Congresso.

Na entrevista, Haddad também foi questionado se há algum acordo para Lula não disputar uma eventual reeleição, caso seja eleito em outubro. Ele respondeu: “Eu nunca ouvi essa conversa ser feita com o PT, não acredito que isso tenha sido cogitado, falar para ele alguma coisa assim. Tem que perguntar para o Lula”.

Haddad é apontado como um dos nomes no PT para disputar futuras eleições presidenciais, como já ocorreu em 2018. No entanto, agora, Geraldo Alckmin, na vice de Lula, pode ser um dos sucessores do ex-presidente também.

Perguntado se essa escolha futura para definir o sucessor de Lula não pode causar atritos com Geraldo Alckmin, Haddad disse que é muito cedo para discutir o cenário pós-Lula.

“Quem que queira antecipar o cenário daqui a quatro anos, eu acho que vai estar desperdiçando o seu tempo com coisas que não estão resolvidas. Então, ou a gente coloca… olha, eu critico muito esses políticos todos, e são muitos, que assim que ganha uma eleição, ao invés de trabalhar, passam a trabalhar para si próprios, pensando na próxima eleição. Acho um horror isso. Nem ganhamos a eleição ainda. Vamos tratar de ganhar essa eleição, botar o Brasil nos trilhos e aí fazer um bom governo porque é um bom governo que vai permitir que as alternativas ao Lula ou o pós-Lula se abram. Discutir isso agora, imaginando que a eleição está ganha, que vai ser um bom governo, independentemente do esforço que nós fizemos, acho muita ingenuidade de quem imagina que o Brasil está numa situação tranquila. E nós não estamos numa situação tranquila”.

Haddad é pré-candidato ao governo de São Paulo, assim como Marcio França, do PSB, aliado do PT. Para Haddad, é possível um acordo entre eles ainda no primeiro turno mas, mais importante do que isso, chama de “imperioso” um acerto para o segundo turno.

“A gente pode fazer um acordo de primeiro turno, mas, mais imperioso do que isso, é fazer um acordo de segundo turno. Se a gente trabalhar o segundo turno, tanto no plano nacional quanto no plano local, adequadamente, evidentemente que a chance da gente receber crédito da população, confiança da população de realizar um projeto de mudança, vai ganhar força”.
Para Haddad, a aliança entre Lula e Alckmin tem mais um valor simbólico do que cálculo eleitoral.

“Eu penso que não houve um cálculo eleitoral para montagem dessa chapa. Eu acho que houve um cálculo simbólico. Eu acho que essa Chapa simboliza e anuncia uma mensagem importante, de que o Brasil precisa recuperar o processo de redemocratização, no qual inclusive o Alckmin participou. (..) Então, uma sensação de urgência de estancar esse governo de desmonte, representado pelo Bolsonaro. Eu penso muito mais que o cálculo não foi propriamente eleitoral, quantos votos eu vou conseguir angariar, até porque o Lula já liderava as pesquisas. Mas eu penso que é um recado que se dá ao país, nós queremos voltar a plena normalidade democrática e defender um projeto de resgate da cidadania”.

A íntegra da entrevista com Fernando Haddad ao programa “Em Foco”, na GloboNews, vai ao ar nesta quarta-feira às 23h30.

G1