Lula tenta compensar PC do B com governo relâmpago
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O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), tem sido estimulado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo aliado PC do B a concorrer ao Senado nas eleições de outubro.
Para isso, Paulo Câmara precisaria deixar o cargo até o início de abril. No entanto, a ideia encontra resistência no próprio partido do governador, o PSB.
Na quinta-feira passada (10), o governador se reuniu com o ex-presidente Lula, acompanhado do pré-candidato do PSB ao governo de Pernambuco, o deputado federal Danilo Cabral.
No encontro, segundo interlocutores do governador, Lula teria dito que um quadro como o do governador deveria seguir na política com mandato eletivo, em uma sinalização de apoio caso Paulo Câmara decida disputar o Senado.
Paulo Câmara é o principal interlocutor de Lula dentro do PSB, em uma mudança de posição do ex-presidente com o que pensava há cinco anos, quando afirmou que o governador era “resultado daquilo que não acredito” por ser visto como um quadro técnico, originado na burocracia do poder.
Atualmente, a vaga para o Senado na aliança está praticamente reservada para o PT, que encontra dificuldades para escolher um nome para a disputa na chapa com Danilo Cabral.
A ideia da cúpula do PT era que, se Paulo Câmara fosse candidato, ele entrasse na cota da sigla petista, que abriria mão da postulação em prol do atual chefe do Executivo.
Com a saída de Paulo Câmara da disputa, a vice-governadora Luciana Santos (PC do B) assumiria o governo do estado por nove meses. A ideia, já levada por integrantes da legenda comunista à presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, seria uma compensação ao PC do B.
Apoiador do PT em todas as eleições presidenciais desde a redemocratização, o PC do B é presidido nacionalmente por Luciana Santos e visto como um dos partidos mais leais à legenda petista, além de ter apoiado a federação com o PT e o PV.
Com o possível pacto, Luciana Santos também poderia facilitar as articulações pela reeleição do deputado federal Renildo Calheiros (PC do B-PE), que, mesmo com a federação do seu partido com o PT e o PV, pode enfrentar obstáculos na disputa proporcional.
Além disso, Luciana Santos no comando do Poder Executivo em Pernambuco também seria um marco simbólico, podendo ser a primeira governadora do estado no sistema democrático.
O possível acordo encontra resistência no PSB, partido de Paulo Câmara. Diversos integrantes da cúpula estadual da sigla entendem que é preciso ter o governador no cargo em meio à campanha eleitoral para assegurar a unidade dos aliados em torno de Danilo Cabral.
Esse pensamento contrário ao lançamento de Câmara para o Senado também é comungado pelo entorno do prefeito do Recife, João Campos (PSB).
Pernambuco é tido como o eixo central de poder da legenda. O PSB governa o estado desde 2007 e comanda a prefeitura da capital Recife desde 2013.
Outrora tida como pacificadora, uma eventual candidatura de Paulo Câmara ao Senado já encontra obstáculos também dentro de partidos de centro e centro-direitas no arco de alianças do PSB no estado.
Caciques partidários avaliam que ter uma chapa com o PSB para o governo e o PSB para o Senado estreita o discurso para convencer os eleitores. Nesse cenário, o PT indicaria o nome para o cargo de vice-governador.
Integrantes da base aliada usam como exemplo que o próprio ex-presidente Lula está ampliando a base de apoio na tentativa de conquistar votos. Realçam, nos bastidores, por exemplo, o acerto com o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, tido como de centro-direita e ex-PSDB.
Antes da reunião com Lula em São Paulo na semana passada, Paulo Câmara havia sinalizado a deputados da base aliada que seguiria no governo até o final do mandato, em dezembro.
Também miram a vaga do Senado na chapa do PSB os deputados federais André de Paula (PSD), Eduardo da Fonte (PP), Silvio Costa Filho (Republicanos), Wolney Queiroz (PDT), a vice-governadora Luciana Santos (PC do B) e, com mais chances, o PT.
A sigla petista pretende anunciar até o dia 28 de março o pré-candidato ao Senado. Estão no páreo os deputados estaduais Carlos Veras e Marília Arraes, a deputada estadual Teresa Leitão e o ex-prefeito de Petrolina Odacy Amorim.
Com tantos nomes no jogo, há uma corrente próxima ao governador dentro do PSB que avalia que Paulo Câmara poderia unir o grupo político, batizado como “Frente Popular”.
A expectativa é pela definição do postulante do grupo ao Senado até a primeira quinzena de abril, quando a pré-campanha deve ganhar força no estado. A leitura dentro do PSB é que é preciso definir o nome para acompanhar Danilo Cabral nas andanças pelos municípios pernambucanos.