Lula usará famigerado power point na campanha

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Foto: Roberto Parizotti/

Depois de ter conseguido suspender, na quarta-feira 2, o último dos mais de 20 processos criminais a que respondeu ao longo da Lava-Jato, o ex-presidente Lula pretende usar uma acusação específica de que foi alvo como munição política na campanha para o Palácio do Planalto. Lula não escolheu o caso do tríplex no Guarujá, ação penal que o deixou por 580 dias na cadeia, nem as suspeitas de que recebeu um sítio em Atibaia como propina de empreiteiras, embora ambos tenham sido anulados por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), que concluiu que o então juiz Sergio Moro não agiu com imparcialidade ao julgá-lo no petrolão. Para o petista, o mais simbólico deles – e o que tem potencial de ser mais facilmente compreendido pelo eleitorado – é a absolvição no chamado “quadrilhão do PT”.

O entendimento de petistas é que, como o caso foi arquivado pela 12ª Vara Federal de Brasília por falta de provas, e não por questões técnicas como a suspeição do então juiz Moro, seria mais fácil incutir no imaginário do eleitor que o ex-presidente foi perseguido por um movimento que supostamente não o admitiria na política. Pela tese exposta no caso do quadrilhão, Lula seria o mentor e coordenador de um esquema criminoso montado por petistas para desviarem dinheiro público. Pelo papel de centralidade na acusação, este caso é considerado por correligionários do ex-presidente como o verdadeiro “power point” da Lava-Jato.

Na investigação, o então chefe da força-tarefa de Curitiba Deltan Dallagnol foi alvo de críticas por apresentar, em uma denúncia contra Lula, um organograma feito em power point em que setas com expressões como “maior beneficiado”, “enriquecimento ilícito” e “perpetuação criminosa no poder” eram direcionadas para o nome do petista.

O despacho do juiz Marcos Vinícius Reis Bastos, que arquivou o caso do quadrilhão, também deve ser amplamente explorado por políticos do PT porque o magistrado afirma que, além de não haver provas de que Lula e outras autoridades, como a ex-presidente Dilma Rousseff e os ex-ministros Antonio Palocci e Guido Mantega, praticaram crime, a denúncia teria tentado “criminalizar a atividade política”. “A denúncia apresentada, em verdade, traduz tentativa de criminalizar a atividade política. Adota determinada suposição – a da instalação de ‘organização criminosa’ que perdurou até o final do mandato da ex-presidente Dilma Vana Rousseff – apresentando-a como sendo a ‘verdade dos fatos’, sequer se dando ao trabalho de apontar os elementos essenciais à caracterização do crime de organização criminosa”, disse o juiz quando arquivou o caso.

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