Mercado eleva estimativa de inflação pela décima vez

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Foto: André Dusek/Estadão

A estimativa para o IPCA, índice de inflação oficial, de 2022 completou dez semanas em disparada no Relatório de Mercado Focus divulgado nesta segunda-feir, 21, e reforça um novo ano de descumprimento da meta.

Com o impacto da disparada de preços de commodities (produtos básicos, como o petróleo) provocada pela guerra na Ucrânia, a projeção para o IPCA de 2022 passou de 6,45% para 6,59%, A estimativa estava em 5,56% um mês antes e em 5,03% há 10 semanas.

O objetivo a ser perseguido pelo Banco Central este ano é de 3,50%, com tolerância de 2,0% a 5,0%. Já a expectativa para o IPCA em 2023 subiu de 3,70% para 3,75%, acima do centro da meta (3,25%, banda de 1,75% a 4,75%). A estimativa era de 3,50% há quatro semanas.

A estimativa geral para 2024 ficou estável em 3,15%, enquanto a projeção para 2025 continuou em 3,00%. Há quatro semanas, as projeções eram de 3,09% e 3,00%, respectivamente. A meta para 2024 é de 3,00%, com margem de 1,5 ponto porcentual (de 1,5% para 4,5%). Para 2025, por sua vez, a meta ainda não foi definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

No comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) da semana passada, o BC atualizou suas projeções para a inflação com estimativas de 7,1% em 2022 e 3,4% em 2023. Diante da volatilidade no mercado de petróleo causado pelo conflito no Leste Europeu, o colegiado ainda criou um cenário alternativo, com maior probabilidade, em que as previsões estariam em 6,3% e 3,1%, respectivamente. O colegiado elevou a Selic em 1,0 ponto porcentual, para 11,75% ao ano.

Paralisação de servidores afeta divulgação
Devido à operação-padrão dos servidores do Banco Central, o relatório da Focus ainda não foi publicado pela instituição. Todos os resultados foram extraídos da consulta ao Sistema Expectativas de Mercado do BC.

O presidente do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), Fabio Faiad, disse que o atraso na divulgação da Pesquisa Focus nesta segunda-feira se deve à operação padrão dos servidores da instituição. O BC informou há pouco que o relatório, que normalmente é divulgado por volta de 8h25, só será publicado às 10h.

Os funcionários do BC farão uma nova assembleia nesta terça, 22, para deliberar sobre uma greve geral. A categoria quer um reajuste salarial de 26,3%, além da reestruturação da carreira de analistas. O sindicato cobra uma reunião com o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, nos próximos dias. Os servidores também querem que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, envie um ofício ao Ministério da Economia e ao presidente Jair Bolsonaro cobrando o reajuste.

O BC não confirmou a motivação do atraso na publicação da Focus e respondeu apenas que não fará comentários sobre o assunto. Estão marcadas para esta semana outras divulgações importantes, como a ata da última reunião do Copom nesta terça às 8h, e o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) na quinta-feira, 24, também às 8h.

Taxa de juros
Após a reunião da semana passada do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, os economistas do mercado financeiro elevaram a projeção para a alta da taxa básica de juros neste ano.

A estimativa subiu de 12,75% para 13,00% ao ano no fim de 2022, conforme o Relatório de Mercado Focus. Há um mês, era de 12,25%. Considerando apenas as respostas nos últimos cinco dias úteis, a expectativa para a Selic no fim deste ano continuou em 13,00%.

No encontro da semana passada, o Banco Central indicou a intenção de novamente elevar a Selic em 1 ponto porcentual em maio, de 11,75% para 12,75%. O colegiado pregou “serenidade” neste momento de grande volatilidade dos preços de commodities provocado pela guerra na Ucrânia.

Segundo o BC, “as atuais projeções indicam que o ciclo de juros nos cenários avaliados é suficiente para a convergência da inflação para patamar em torno da meta ao longo do horizonte relevante.”

O colegiado ponderou que se os choques sobre commodities se mostrarem mais persistentes ou maiores, “o Comitê estará pronto para ajustar o tamanho do ciclo de aperto monetário”. “O Comitê enfatiza que irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, disse o colegiado, no comunicado.

Os economistas ainda acreditam que a taxa Selic deve ficar em um nível mais elevado por um período mais longo. A estimativa do Focus para a taxa Selic no fim de 2023 avançou de 8,75% para 9,00%, ante 8,00% há quatro semanas. Para 2024, permaneceu em 7,50%, ante 7,38% de um mês atrás. Já a previsão para o fim de 2025 continuou em 7,00%, repetindo a taxa de quatro semanas atrás.

PIB
O Relatório de Mercado Focus divulgado trouxe leve alteração na previsão mediana para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 2022, que passou de 0,49% para 0,50%. Há um mês, a estimativa era de 0,30%.

Considerando apenas as respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB no fim de 2022 passou de 0,52% para 0,53%.

Para 2023, a mediana variou de 1,43% para 1,30%, de 1,50% há quatro semanas. Para 2024, a estimativa seguiu em 2,00%, mesma projeção de quatro semanas atrás. O Relatório Focus ainda trouxe a mediana para 2025, que também continuou em 2,00%. Há um mês, a estimativa de crescimento do PIB em 2025 já era de 2,00%.

Devido à operação-padrão dos servidores do Banco Central, o relatório da Focus ainda não foi publicado pela instituição. Todos os resultados foram extraídos da consulta ao Sistema Expectativas de Mercado do BC.

Estadão