Moro é o candidato mais sem palanques de todos

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Foto: AFP

A retirada da candidatura do deputado estadual Arthur do Val (Podemos), conhecido como “Mamãe Falei”, ao governo de São Paulo após a divulgação de áudios sexistas e desrespeitoso às mulheres ucranianas é só a mais recente baixa na já combalida lista de palanques estaduais do ex-juiz Sergio Moro, que busca a Presidência da República pelo Podemos. Agora Moro está sem um candidato a governador no maior colégio eleitoral do país.

Arthur Do Val desistiu da candidatura após a repercussão de áudios em que afirma, entre outras impropriedades, que as mulheres ucranianas “são fáceis porque são pobres”. Após a divulgação das gravações, Moro reprovou as declarações e disse que não dividiria palanque com o deputado.

Reportagem de VEJA desta semana mostra as dificuldades que o ex-juiz vem enfrentando dentro de seu próprio partido para fazer decolar suas candidatura, que, desde que foi lançada, não ultrapassou a barreira dos dois dígitos das intenções de voto. Moro é considerado um empecilho para a formação de chapas nos estados e uma má companhia na campanha de quem espera atrair votos de eleitores que preferem Lula ou Bolsonaro

Os problemas de Moro começam em seu reduto eleitoral. No Paraná, de onde o ex-juiz comandou a Operação Lava Jato, o Podemos perdeu o presidente Cesar Silvestri Filho para o PSDB, que concorrerá ao governo estadual, garantindo assim um palanque para João Doria (PSDB). Embora integre a base de apoio do governador Ratinho Junior (PSD), o Podemos viu crescer a pressão do PP no estado, comandado por Ricardo Barros, líder de Bolsonaro na Câmara, em busca de uma aliança que garanta o apoio do governador ao presidente — que não admite a hipótese de dividir o palanque com o ex-juiz, de quem se tornou desafeto.

A situação do Paraná é semelhante à do Rio de Janeiro, onde o Podemos integra a base de Claudio Castro (PL). O governador colocou o presidente estadual do partido, Patrique Welber, no comando da Secretaria de Trabalho e Renda.

Na Bahia, é dada como certa a saída do deputado federal João Carlos Bacelar, líder do Podemos no estado, onde o partido integra a base do governador Rui Costa (PT). O parlamentar tem atuação mais à centro-esquerda e uma base eleitoral amplamente favorável ao presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva.

Em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país, Moro chegou a se encontrar com o governador Romeu Zema (Novo) em novembro para discutir uma eventual aliança. Acontece que o partido tem candidato próprio à presidência, o cientista político Felipe d’Avila. No Ceará, o partido conversa com o deputado federal Capitão Wagner (PROS), que foi apoiado por Bolsonaro na disputa pela prefeitura de Fortaleza. Embora admita dividir o palanque, mais uma vez pode pesar o desejo por “exclusividade” de Bolsonaro, que tem nas mãos o governo federal e três vezes mais intenção de voto do que Moro.

O Podemos busca uma aliança com o PSDB de Eduardo Leite no Rio Grande do Sul, que ainda não definiu se terá candidato próprio ou se irá apoiar um nome do MDB. Nas duas situações, o postulante ao Palácio Piratini estará mais próximo de João Doria, seja com a candidatura tucana ou em razão das conversas entre MDB e PSDB para a formação de uma federação — além da enorme resistência que Moro sofre dentro dos dois partidos.

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