Moscou e Kiev voltam a negociar no fim de semana
O presidente russo, Vladimir Putin, disse ao chanceler alemão, Olaf Scholz, que uma terceira rodada de negoiações entre Rússia e Ucrânia foi marcada para este fim de semana, de acordo com uma transcrição divulgada por Berlim após um telefonema entre os dois chefes de Estado nesta sexta-feira, 4.
Durante o telefonema entre os dois mandatários, Berlim pediu para Moscou cessar todas as ações militares imediatamente, segundo um porta-voz do governo alemão.
Segundo o porta-voz, Scholz também ressaltou a necessidade de acesso humanitário a áreas onde o conflito é mais severo.
Na quinta-feira, representantes de Moscou e Kiev realizaram a segunda rodada de conversas. Apesar de terem terminado sem os resultados desejados, Mykhailo Podolyak, assessor da Presidência ucraniana, afirmou que as negociações renderam um entendimento sobre proteção de civis e sobre a continuação dos encontros diplomáticos.
Ao anunciar o fim da segunda rodada, Podolyak lamentou que “os resultados que a Ucrânia precisa não foram alcançados”, ressaltando que “há uma solução apenas para a organização de corredores humanitários”.
Segundo ele, a delegação ucraniana foi à reunião com três objetivos claros: um cessar-fogo imediato, armistício e a criação de meios para proteção de civis.
O chefe da delegação russa, Vladimir Medinsky, ressaltou os pontos discutidos e confirmou o entendimento sobre corredores para civis. “Discutimos minuciosamente três pontos – militar, internacional e humanitário, e o terceiro é uma questão de uma futura regulação política do conflito. Ambas as posições estão claras e escritas. Concordamos em algumas delas, mas a questão principal que chegamos a um acordo hoje é a questão de resgatar civis que estão em uma zona de confonto militar”, afirmou.
Segundo ele, “os ministérios da Defesa russo e ucraniano concordaram em implementar corredores humanitários para civis e um possível cessar-fogo em áreas onde retiradas estão acontecendo”
. A primeira rodada de conversas, realizada por sua vez na segunda-feira, durou cerca de cinco horas e foi encerrada sem quaisquer avanços significativos.
A imprensa ucraniana afirma que a Rússia, além da não expansão da Otan para o Leste Europeu, teria exigido que a Ucrânia se comprometesse a documentar seu status de não integrar nenhum bloco e realizar um referendo sobre isso, reconhecesse as repúblicas populares de Donetsk e Luhansk, abandonasse a exigência da devolução da Crimeia a Kiev e promovesse o fim de “políticas nazistas”. Já a Ucrânia teria exigido um cessar-fogo imediato e a retirada das tropas russas do país.
No entanto, as tropas russas continuam agindo sobre a capital Kiev e outras regiões do país. As negociações não travaram o ímpeto russo de avançar sobre a Ucrânia nem fizeram os ucranianos pararem as tentativas de se aproximar cada vez mais da União Europeia para garantir sanções contra a Rússia e a participação no bloco.
Mais de 2.000 civis foram mortos desde o início da invasão russa à Ucrânia e centenas de estruturas, como instalações de transporte, hospitais, jardins de infância e prédios residenciais foram destruídos, relatou o serviço de emergência ucraniano na quarta-feira. De acordo com o último relatório militar russo, 1.502 alvos de infraestrutura militar ucraniana foram destruídos desde o início da operação militar na Ucrânia, em 24 de fevereiro.
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