PSDB volta a se conflagrar internamente por eleição presidencial
Foto: Governo do Estado de São Paulo
Após o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, anunciar que vai permanecer no PSDB e renunciar ao cargo, o grupo de João Doria atua para isolar os dissidentes do partido que trabalham contra a pré-candidatura presidencial do governador paulista.
A estratégia tem três eixos. O primeiro é carimbar o grupo, do qual fazem parte o deputado Aécio Neves (MG), o ex-senador José Aníbal (SP), o ex-ministro Pimenta da Veiga (MG) e o senador Tasso Jereissati (CE), como “golpista”. O próprio Doria usou a palavra “golpe” ao se referir a eventuais manobras para revogar as prévias, que foram vencidas por ele no ano passado.
Os adversários do governador paulista no PSDB dizem que a convenção nacional, em julho, é a instância máxima do partido e, portanto, teria o poder de derrubar a candidatura ou substituí-la por outra mais competitiva. “Só se revoga a democracia com um ato autoritário, de força”, disse Doria ontem ao Estadão.
O segundo eixo, segundo aliados do governador, é mobilizar tucanos históricos e lideranças regionais para defenderem publicamente o resultado das prévias, tentando, assim, isolar o grupo dissidente. O tuíte do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso divulgado ontem, no qual ele disse que o resultado das prévias deve ser respeitado, foi comemorado nos bastidores do Palácio dos Bandeirantes.
As prévias do PSDB foram realizadas democraticamente.
Assim sendo, penso que devem ser respeitadas.— Fernando Henrique Cardoso (@FHC) March 28, 2022
A expectativa entre os aliados de Doria é que o senador José Serra se manifeste nos próximos dias.
O terceiro pilar da estratégia para blindar a pré-candidatura do governador, que deixa o cargo na quinta-feira, 31, é tentar mudar a correlação de forças na burocracia partidária do PSDB, que hoje é vista como hostil a Doria.
Após a formação da federação com o Cidadania, o colegiado vai ter uma executiva enxuta, com 19 membros, sendo 13 do PSDB e 6 do Cidadania. O presidente da federação será do PSDB, sendo o vice do Cidadania e o tesoureiro também tucano. Cada partido, porém, vai contar com um presidente próprio, mas que terá pouco poder de manobra.
A atual executiva do PSDB, que tem 32 membros, já impôs derrotas a Doria. Frustrou, por exemplo, a tentativa de expulsar Aécio da sigla e impôs regras desfavoráveis ao governador paulista nas prévias. Em caráter reservado, aliados de Doria não escondem que não confiam no presidente do PSDB, Bruno Araújo, e cobram dele uma manifestação clara em defesa do resultado das prévias.