Setor de serviços começa 2022 caindo

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Foto: Manuela Cavadas/Getty Images

Depois de dois meses em forte alta, que chegaram a 5%, o setor de serviços voltou a registrar um resultado negativo. A taxa em janeiro, segundo dado divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira, 16, foi de -0,1%. O resultado é próximo da estabilidade e indica uma normalização no ritmo da atividade.

Os serviços foram o setor que mais sentiram o impacto da Covid-19, e desde junho de 2020 têm movimento de recuperação. Tanto que, na comparação com o período pré-pandemia (fevereiro de 2020), a recuperação é de 7%. “Há um predomínio absoluto de taxas positivas: são 15 positivas contra 5 negativas, ou seja, uma larga base de comparação, o que faz com que, vez ou outra, o setor mostre algum tipo de acomodação”, explica o gerente da Pesquisa Mensal dos Serviços, Rodrigo Lobo. Ele destaca, no entanto, que ainda não é possível saber se o resultado marca um ponto de ‘inflexão da série ou apenas uma tomada de fôlego.

Três das cinco atividades investigadas tiveram retração no mês de janeiro, com destaque para serviços de informação e comunicação (-4,7%), que recuaram pelo segundo mês consecutivo. A atividade se coloca num patamar 7,3% acima de fevereiro de 2020 e 4,9% abaixo do ponto mais alto da série, em novembro de 2021. Nessa atividade, o segmento de tecnologia da informação caiu 8,9%, e o de telecomunicações, -1,1%. “O segmento de tecnologia da informação contribuiu decisivamente para o resultado de -0,1% do setor de serviços. É o segmento que mais se destaca desde janeiro de 2011, com aumento do ritmo de crescimento a partir de maio de 2020, alcançando em dezembro de 2021 o ponto mais alto da série. Apesar dessa queda, o saldo dos últimos 3 meses ainda é positivo em 2,4% e, em relação ao patamar pré-pandemia, o segmento está 35,9% acima”, contextualiza Lobo.

O segundo impacto negativo, em termos setoriais, veio dos serviços prestados às famílias, onde são medidas atividades como bares, restaurantes e hospedagem. “O setor foi o mais afetado pela pandemia em função de seu caráter de atividades presenciais e vem mostrando um processo de recuperação consistente. Mesmo com a queda de 1,4% em janeiro, o saldo ainda é largamente positivo desde que se iniciou o processo de recuperação, em junho de 2020”, avalia Lobo. A atividade emplacou uma sequência de nove taxas positivas, com um crescimento acumulado de 60% entre abril e dezembro do ano passado. Apesar disso, ainda se encontra 13,2% abaixo de fevereiro de 2020 e 23,3% abaixo do ponto mais alto da série, em outubro de 2013.

Com queda de 1,1%, os outros serviços tiveram o terceiro impacto negativo, com destaque para administração de fundos por contrato ou comissão e corretoras de seguros, de previdência complementar e de saúde. A atividade está 0,6% abaixo do patamar pré-pandemia e 11,5% abaixo do ponto mais alto da série, registrado em agosto de 2011 e em janeiro de 2012.

Já pelo lado das altas, o destaque ficou com os transportes, que cresceram 1,4% em janeiro, terceiro resultado positivo seguido, acumulando aumento de 6,6%. A atividade, que atingiu o ponto mais baixo da série em abril de 2020, está 13,1% acima de fevereiro de 2020 e 2,7% abaixo do pico da série, em fevereiro de 2014. “Esse crescimento vem do transporte rodoviário de carga e da parte de logística de transporte e armazenagem de mercadoria, muito por conta do boom do comércio eletrônico, trazendo o setor de transporte para o maior nível desde novembro de 2014”, destaca Lobo.

Também com alta, os serviços profissionais, administrativos e complementares cresceram 0,6%, com uma sequência de três taxas positivas, acumulando ganho de 5,3%. A atividade encontra-se 1,4% acima do patamar de fevereiro de 2020 e 19,5% abaixo do ponto mais alto de sua série, em julho de 2012 e setembro de 2014

Em relação a janeiro de 2021, o setor de serviços cresceu 9,5%, com alta em todas as atividades. “Essa é a 11ª taxa positiva seguida, ainda em função de uma baixa base de comparação”, complementa Lobo.

Regionalmente, 12 das 27 unidades da federação tiveram retração no volume de serviços entre dezembro e janeiro, com impacto mais importante vindo do Distrito Federal (-9,1%), Rio de Janeiro (-1,2%) e Minas Gerais (-1,9%). Em contrapartida, São Paulo (0,6%) e Goiás (4,5%) registraram os principais avanços.

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