Alckmin exalta civilidade que marcou suas disputas antigas com Lula

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Foto: Antonio Molina/Folhapress

O ex-governador Geraldo Alckmin (SP) participou nesta quinta-feira (28) da abertura do congresso do PSB em Brasília, exaltou o novo partido e afirmou ter ficado à vontade ao ouvir o hino da Internacional Socialista.

Ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de quem foi indicado para ser candidato a vice nas eleições presidenciais, Alckmin afirmou que ambos já disputaram pleitos anteriores como adversários, mas sempre dentro das regras democráticas.

“Nós nos defrontamos em eleições, disputamos o mesmo cargo. O fizemos dentro da regra democrática. E hoje estamos unidos por um dever. A política é olhar o interesse público, o interesse das pessoas”, afirmou.

Desde que ganharam corpo as articulações para ser vice de Lula, o ex-governador paulista busca se desvincular de polêmicas sobre divergências que ambos tiveram no passado.

Alckmin foi filiado ao PSDB por mais de 30 anos e já foi crítico de políticas adotadas por governos petistas anteriormente.

Nesta quinta, Alckmin ouviu, ao lado de Lula, o hino da Internacional Socialista, coligação de partidos socialistas e social-democratas de vários países existente desde 1951, que é associada a siglas de esquerda.

Ao final do evento, questionado se havia ficado à vontade de ouvir o hino ligado a governos socialistas e comunistas, o ex-tucano respondeu que sim.

“A social-democracia também teve origem na luta social, trabalhista”, justificou.

Questionado por jornalistas, Alckmin também afirmou que o indulto concedido ao deputado Daniel Silveira (PTB) é um “retrocesso gravíssimo”.

O congresso do PSB é dedicado a eleger o diretório nacional da sigla e debater uma “autorreforma” do partido.

Alckmin elogiou a iniciativa do PSB de promover uma reforma e disse que é sempre importante se “modernizar”. O ex-tucano também exaltou iniciativas de governadores pessebistas na educação, ressaltando que Pernambuco e Espírito Santo, governados pelo partido, são destaques nesta área.

Lula iniciou seu discurso ressaltando a aliança com o ex-governador paulista

“O Lula e o Alckmin já divergiram, por que eles estão juntos? Por que isso chama-se política, maturidade e compromisso com este país”, afirmou.

O ex-presidente voltou a criticar Jair Bolsonaro (PL) e disse que ele não é cristão. “Ele não crê em Deus, olha o que ele fala. Um cara que fez o filho disputar a eleição para derrubar a mãe não pode ser cristão. Eu acho que o Bolsonaro não se banhou no Rio Jordão, foi no Rio Pinheiros mesmo”, disse Lula, em referência à época em que Carlos Bolsonaro (Republicanos) disputou a eleição contra a própria mãe, aos 17 anos.

“Sou cristão, eu acredito em Deus, eu acredito que o Deus que eu acredito não pode ser o mesmo que essa gente mentirosa acredita”, disse.

O petista também reclamou de propagandas que estão sendo veiculadas pelo PP e que atribuem as obras de transposição do Rio São Francisco ao governo Bolsonaro.

“Fizemos canal de 640 quilômetros que era para estar pronto logo depois que eu deixei o governo e ele ficou pronto agora”, disse.

“Nosso governo fez 88% das obras no governo dele foi 7% das obras e esse cidadão, que não preside esse pais [porque] quem preside são os milicianos que vivem em volta dele, terminou 5% da obra e está fazendo propaganda na televisão como se fosse ele que tivesse levado a água do São Francisco para a Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Pernambuco e outros estados”, afirmou.

Lula ainda afirmou que pretende comprar alimentos de pequenos agricultores para distribuir em escolas, diminuir a inflação e, “se for necessário o governo vai estabelecer preço mínimo e o PT vai fazer estoque [de alimentos] através da Conab para que a gente possa regular o preço”.

“Estamos começando uma pequena guerra, uma guerra que não vai ter tiro, não vai ter violência, é uma guerra do respeito, da dignidade. Uma guerra que as famílias passam a ter valor nesse país porque quando as famílias estão bem, o estado está bem, o país está bem”, afirmou.

Mais cedo, ao lado de Lula, o presidente do PSB, Carlos Siqueira, fez questão de exaltar as candidaturas de Beto Albuquerque (PSB) e de Márcio França (PSB) aos governos do Rio Grande do Sul e em São Paulo.

O PT tem pré-candidatos em ambos os estados e ainda busca convencer o PSB a abrir mão das candidaturas.

Folha