Bolsonaro bajula Mendonça mesmo após voto independente
Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira que não quis “peitar o Supremo” ao dar um indulto ao deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), que havia sido condenado pela Corte. De acordo com Bolsonaro, ele quis apenas desfazer uma “injustiça”.
— Houve um excesso. Caberia a mim, e só a mim e mais ninguém aqui no Brasil, desfazer essa injustiça. Não quero peitar o Supremo, dizer que sou mais importante, tenho mais coragem que eles, longe disso — disse o presidente, em entrevista à rádio Metrópole, de Cuiabá (MT).
A declaração ocorre dois dias depois de Bolsonaro ter participado de um evento no Palácio do Planalto em apoio a Silveira, repleto de crítcas ao julgamento do parlamentar.
Na mesma entrevista, Bolsonaro também defendeu o ministro André Mendonça criticado por apoiadores do governo por ter votado pela condenação de Silveira. O presidente disse que Mendonça, indicado por ele ao STF, é uma “pessoa de princípios” e que as pessoas ainda vão entender “o que realmente aconteceu naquela sessão”.
— Ele foi criticado, bastante criticado, o voto dele. Mas aos poucos o pessoal vai entendendo o que realmente aconteceu naquela sessão. Pode ter certeza, o André Mendonça é uma pessoa de princípios, uma pessoa religiosa, família, conservador. Tem uma bagagem cultural enorme — disse Bolsonaro.
Após o julgamento, Mendonça disse que não poderia “endossar comportamentos que incitam atos de violência” e afirmou ter “convicção” que o fez o correto.
Na semana passada, o STF condenou Daniel Silveira a oito anos e nove meses de prisão, por ameaças e incitação à violência contra ministros da Corte. A decisão foi tomada por 10 votos a um. O único voto contrário foi de Nunes Marques, também indicado por Bolsonaro.
Apesar de ter votado pela condenação, Mendonça não seguiu integralmente o voto do relator, Alexandre de Moraes. Ele defendeu uma pena menor, de dois anos de prisão, em regime aberto, mas acabou sendo vencido.